“Adolescente também morre”, diz pai sobre risco de suspensão de vacina
Mato Grosso do Sul pretende priorizar reforço de idosos em detrimento da imunização de adolescentes e crianças
Após o anúncio do secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, sobre pretensão em priorizar a terceira dose contra covid-19 para idosos, responsáveis por crianças e adolescentes receberam a notícia com preocupação. Durante a última semana, a pasta autorizou que municípios passassem a aplicar a vacina em adolescentes, mas nova pretensão pode modificar o cenário.
“Criança também morre, adolescente também morre”, resumiu o jornalista Paulo Renato Coelho Netto, de 56 anos, sobre a preocupação com a possibilidade de maior demora para vacinação dos novos públicos. Com um filho de 12 anos, ele comenta que recebeu a informação como uma bomba.
Com o cadastro de imunização aberto para adolescentes em Campo Grande, Paulo conta que a ansiedade, que já era grande, havia aumentado em casa durante as últimas semanas. “O cadastro foi aberto e minha filha de 16 anos vacinou, já meu filho, está esperando a vez dele há 17 meses. Ele querendo ir para a escola e está aqui esperando”.
Destacando que a falta de imunização fez com que o adolescente ainda não retornasse às aulas presenciais, Paulo explica que caso a pretensão de Mato Grosso do Sul em atrasar a imunização dos adolescentes siga, ele irá buscar a Justiça. “Isso é uma irresponsabilidade, se isso acontecer, eu vou dar um jeito de contestar judicialmente e buscar os direitos do meu filho”.
Através das redes sociais, responsáveis por crianças e adolescentes também questionaram o anúncio do secretário estadual de saúde. “Os alunos foram obrigados a retornar e agora não vão vacinar? E outra, agora que começaram, tem que terminar, se não vai ficar injusto”, diz Natália Martins.
No mesmo sentido, João Vitor Alves destacou que a covid-19 segue matando pessoas de variadas idades, “e os jovens estão sendo obrigados a voltar às aulas e pegar ônibus”, diz.
Justificativas - Durante coletiva em que informou sobre a pretensão de Mato Grosso do Sul em priorizar reforço de idosos, ao invés, da imunização de adolescentes e crianças, Geraldo Resende alegou que pessoas mais velhas, incluindo as que já tomaram duas doses, têm apresentado redução na imunidade. Para conseguir a aplicação da 3ª dose, o secretário explicou que houve um pedido ao Ministério da Saúde para que houvesse autorização.
Sobre a aplicação do reforço, a OMS (Organização Mundial da Saúde) destacou que não há evidências científicas concretas sobre a necessidade e eficácia da 3ª dose. Em seu posicionamento, a entidade relatou que a prioridade deve ser iniciar a vacinação em toda a população antes de pensar no reforço.
Durante a última semana, a secretaria autorizou que os municípios vacinassem adolescentes, caso já tivessem aplicado ao menos a primeira dose em adultos. Por isso, nesta terça-feira (17), Campo Grande está vacinando pessoas acima de 15 anos.