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Cidades

Aos 77 anos, Elizeu quer dirigir sem preocupação pela 1ª vez com a CNH Social

Ele tentou regularizar a situação no trânsito em 2008, reprovou e não teve dinheiro para tentar outra vez

Lucia Morel | 07/05/2022 11:17
Elizeu no seu Palio, comprado em 2016. (Foto: Henrique Kawaminami)
Elizeu no seu Palio, comprado em 2016. (Foto: Henrique Kawaminami)

O sonho de conquistar a Carteira de Habilitação parece perto de ser realizado, mas demorou bastante. Aos 77 anos, Elizeu Dias Barbosa foi o primeiro na lista de nomes divulgados pelo governo do Estado para acesso à CNH Social. Feliz da vida, diz que, apesar dos pesares, nunca desistiu de dirigir por aí sem preocupação com blitz.

O aposentado foi um dos cinco mil contemplados com a CNH Social do Detran (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul), que viabiliza a documentação a custo zero, bancando aulas em centros de formação e a Habilitação.

Animado, ele não tem dúvidas de que vai ser aprovado desta vez, a primeira chance na vida de dirigir habilitado.

Elizeu admite que, para sobreviver, por décadas teve de dirigir de forma ilegal. Apesar do risco para ele e outras pessoas, garante que nunca nada de ruim ocorreu no trânsito. “Carro mesmo, eu tenho de 2005 pra cá, mas a vida toda dirigi carro dos outros, caminhonete, caminhão, trator. Transportei muita máquina pra fazenda”, disse ao Campo Grande News.

Hoje, ele tem um Palio azul que diz usar “porque precisa”, para fazer algumas vendas, levando ovos ou mandioca aos clientes.

Elizeu conta que tentou regularizar sua situação no trânsito uma vez, em 2008, mas não passou na prova e acabou desistindo por conta de mais custos e outras prioridades dentro de casa. Na época, a esposa, já falecida, estava doente e o marido precisava levá-la “para cima e para baixo” em hospital e “não podia parar de atender ela (sic) e fazer tudo de novo”, comentou.

Ele abre o porta-malas para mostrar os produtos que vende. (Foto: Henrique Kawaminami)
Ele abre o porta-malas para mostrar os produtos que vende. (Foto: Henrique Kawaminami)

Até agora, a sorte ajudava o motorista "pirata", que diz nunca ter sido parado em alguma blitz ou sentido na pele o risco de perder o carro por falta de documento de Habilitação, “Nunca tive problema. Mesmo que quisesse, eu não tinha dinheiro suficiente para pagar pela carteira", justifica.

Apesar de a primeira tentativa frustrada, há 14 anos, Elizeu é otimista sobre o resultado do próximo exame no Detran. “Eu vou tentar de novo, porque é a ferramenta que eu tenho pra fazer um dinheirinho a mais e se precisar sair numa rodovia, eu posso”, afirma.

Elizeu recebe auxílio-doença por problemas motores em um dos braços e complementa a renda com os “bicos”. Contente em saber que foi um dos cinco mil selecionados, afirma que vai fazer bom uso da CNH se conseguir tirá-la. “Com o documento na mão, se precisar sair, eu saio e volto sem me preocupar”, sustenta.

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