Após corte de energia, moradores da favela fecham rodovia com fogo

Moradores da Cidade dos Anjos, favela localizada no Parque do Lageado, atearam fogo em pneus na tarde desta terça-feira (28), como sinal de revolta diante do corte de energia feito na tarde de ontem. Já são quase 24 horas no escuro para cerca de 100 famílias, sem prazo para resolução do problema.

O corte da energia foi feito, segundo a Prefeitura de Campo Grande, após árvores serem condenadas pela Defesa Civil, que acionou a Energisa para realizar o desligamento parcial da rede elétrica, "garantindo segurança para que as equipes possam trabalhar na retirada de árvores condenadas no local".

A movimentação começou na chuva da última sexta-feira (24), quando uma árvore caiu sobre um dos barracos da comunidade. O problema não foi resolvido no final de semana e, na segunda-feira, ainda com a árvore por cima do barraco, a Defesa Civil retornou ao local.

Apesar da suspensão do fornecimento, em nota a prefeitura afirmou que ainda está elaborando plano para a poda segura no local.

Sem prazo para resolver a situação, os moradores se revoltaram e decidiram atear fogo nos arredores. Gilson Pereira, autônomo de 22 anos, que já mora no local há três anos com a esposa e bebê de um ano, conta que perdeu toda a comida que tinha na geladeira por conta da falta de energia. "Até agora prefeitura não tem nenhum projeto para a gente. Estamos protestando para pedir uma posição, porque a Emha já veio aqui, mas até agora nada", diz.

Além dele, Luana Thalia de Lima, 26, mora com os três filhos pequenos e também não sabe o que vai fazer sem energia. "A Defesa Civil ficou aqui até as 11 da manhã hoje e foi embora. Não deram parecer de quando será resolvido. A gente só quer a nossa casa, o pouco que é nosso. Muitos passaram a noite correndo o risco de ter novas quedas de árvore e ficaram porque não têm outro lugar para ir. Tudo que tava na minha geladeira estragou, leite das crianças, mistura... Eles estão até agora sem comer, não tenho nem luz, nem água para cozinhar".

A Emha (Agência Municipal de Habitação de Campo Grande) está no local. A Polícia Militar também está por lá contendo os focos de incêndio, mas informam que não precisaram utilizar nenhum tipo de força para conter os moradores.

A equipe de reportagem pediu retorno sobre a situação para a prefeitura e aguarda retorno.