Centenas de peixes morrem asfixiados no Pantanal com fenômeno decoada
Pesquisadores monitoram como queimadas vão impactar a comunidade de peixes do Rio Paraguai
O primeiro registro de peixes mortos por falta de oxigênio foi feito na última quinta-feira (11) na região do Rio Miranda, que fica no Passo do Lontra. O fenômeno conhecido como decoada é normal nesta época do ano, quando as águas dos rios do Pantanal começam a subir nas áreas de planície que secaram durante a estação seca.
Agora com a estação chuvosa esses locais voltam a ser cobertos, mas estão com muita vegetação e matéria orgânica em decomposição. As cinzas dos incêndios florestais que ficam no solo, por exemplo, alteram a qualidade da água.
Foram encontradas centenas de peixes mortos de 46 espécies diferentes no local, que já tinha registrado decoada nos anos anteriores. “Sem oxigênio suficiente na água, os indivíduos buscam oxigênio na lâmina de água. Eles tentam ir para a margem buscar oxigênio e acabam ‘encalhados’ com o acúmulo de peixes que fazem o mesmo”, explicou o biólogo e coordenador do Laboratório de Ictiologia do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), Heriberto Gimênes Júnior.
Os pesquisadores vão retornar para analisar o local na próxima quarta-feira (17). Vale destacar que desde o ano passado equipes analisam e monitoram a qualidade da água depois dos incêndios florestais que devastaram 4 milhões de hectares do bioma.
“Até dezembro a água estava dentro do padrão. A preocupação do Imasul agora é exatamente essa, como as queimadas do ano passado vão impactar a comunidade de peixes do Rio Paraguai”, complemente Heriberto.
Em janeiro, uma equipe de ictiólogos de todo o Brasil fez uma expedição no Pantanal, na região de Porto Jofre, entre a divisa dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. “Ainda é muito cedo afirmar que essa primeira decoada teve impacto das queimadas de 2020. A partir de agora as águas de todas as nascentes começam a descer e vão desaguar no Rio Paraguai. O terreno onde teve as queimadas no Mato Grosso e mais alto e entre março e abril essa água vai chegar até o Mato Grosso do Sul. Vamos monitorar essa situação.”