Corredor de ônibus inaugura nesta terça e causa divergência entre comerciantes
Ao todo, 152 ônibus e 44 linhas passarão a circular no local a partir das 5h
Após meses de espera, o corredor de ônibus entre as vias da Rua Rui Barbosa será inaugurado nesta terça-feira (20) a partir das 5 horas da manhã. Porém, a obra tem causado divergências entre comerciantes locais. Diante de tantas opiniões diversas, há quem diga que a presença dos pontos de embarque na região devem melhorar a clientela e há quem já prevê uma queda brusca nas vendas. A avaliação depende do setor em que os pequenos empresários estão inseridos.
Ao todo, 152 ônibus de 44 diferentes linhas passarão a circular pelos 3,8 km do corredor exclusivo ao transporte coletivo e terão ligação do Terminal Morenão até a Avenida Mato Grosso. De acordo com a prefeitura, serão 986 viagens nos dias úteis.
O Campo Grande News percorreu toda a extensão que compreende o corredor. Serão cinco estações de embarque situadas nas esquinas da Rui Barbosa com as ruas Aníbal de Toledo, Professor Severino Ramo de Queiróz, Tônico Saad, Barão do Rio Branco e Marechal Cândido Mariano Rondon.
Na manhã desta segunda-feira (19) funcionários da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) ainda trabalhavam nas instalações para conseguir entregar a obra, que já possui algumas degradações, como é o caso do ponto 1. Nesta segunda o embarque ainda será realizado no lado direito da via.
Vanessa de Laura Souza, de 33 anos, é proprietária da loja de roupas femininas D'Laura, localizada na frente do segundo ponto de embarque. À reportagem ela comentou que a rua virou um local deserto após construção do ponto.
“Virou uma rua fantasma. As pessoas, elas deixaram de passar aqui porque não sabem se podem estacionar, se podem passar ou não. Isso influência a pessoa entrar e parar na nossa loja. Desde que começou a obra, nosso faturamento caiu de 9% para 10, tive que me adaptar ao trabalho, trabalhava só com roupas de grife, mas tive que pegar outras pessoas para chamar o público”, disse.
Um dos problemas na rua é a proibição do estacionamento. De acordo com Vanessa, a situação preocupa. “A gente só sobrevive. Já pensei em mudar de ponto várias vezes, mas não fiz isso pelo alto custo do investimento, até cheguei a pegar um outro ponto aqui do lado, para dar uma ajudada, mas nada, mesma coisa. Aqui o movimento é péssimo, perto do que a gente tinha antes, ficou péssimo, virou uma 14, as pessoas não passam mais”, finalizou.
Claudete de Souza, de 67 anos, é dona da ótica popular no coração da Rui Barbosa. Ela está no ponto há quase 20 anos e relatou que a obra complicou muito a vida dos clientes.
“Está sendo muito difícil porque desde o início está totalmente parado e um descaso total. Estamos há quase 4 meses sem luz na rua. Eu perdi muitos clientes, eles são em maioria idosos e agora não tem onde estacionar para chegar até a loja”, pontuou.
Apesar dos prejuízos, Claudete afirma que a obra precisava ser feita e que vai melhorar o fluxo. “É preciso, só que teria que ser melhor programado, não ficar um ano e meio para ser feito. Acho que o fluxo de pessoas vai melhorar. Pra dizer se vai ser bom pra mim ou não, só depois de uns quatro meses. Mas são melhorias que têm que ser feitas, a cidade cresce e exige”, falou.
Lucro - A implementação também trouxe benefícios para comerciantes que trabalham no ramo de estacionamentos. Fernando Teles, de 22 anos, é dono do Dino's Park há três anos. Para ele, a única coisa positiva das obras será o aumento nos lucros do local. “Eu não achei muito legal o jeito que ficou porque a rua ficou muito perigosa, muito apertada, o ônibus passa direto no meio fio. Acho que vai ficar bom para mim porque pessoal não vai parar mais na quadra, aí fica bom para o estacionamento, só essa é a vantagem”.
O responsável destacou que a opinião é baseada no corredor da Rua Brilhante, no Bairro Tiradentes. “Na brilhante aconteceu muito, pessoal quer entrar na faixa de ônibus. Fora que o pessoal do ônibus não vai deixar virar para esquerda, não vão deixar entrar. Aqui já era difícil antes, imagina agora", disse.
Fernando acrescentou que desde que as obras na rua acabaram o local já melhorou em 50% a arrecadação. "Quando tava na obra não passava nada, porque fechavam direto a rua, mas agora ficou bem melhor porque o pessoal não tem onde parar. A rua inteira é assim e toma multa porque está na faixa amarela. Aqui melhorou 50% o fluxo, na parte da manhã e começo da tarde", finalizou.
Outro que comemora a implementação dos pontos é o comerciante Rodrigo Ramos, de 36 anos, proprietário de uma lanchonete em frente ao último ponto de embarque. “Esperamos que melhore, que volte a ser o que era antes disso. Mas vai melhorar bastante. Espero que seja positivo. Meus clientes são mais o pessoal a pé, a vizinhança. Vai ter o pessoal do ônibus também aqui na frente. Para mim vai ser positivo pelo acesso rápido", relatou.
Para se recuperar do prejuízo que as obras causaram, o comerciante afirma que serão necessários entorno de 10 a 12 meses. "Durante as obras foi 80% de queda na venda, para recuperar será um ano, um ano e meio, por aí, para voltar a ser o que era, pelo menos", terminou.