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Cidades

Covid já afastou cerca de 20% dos funcionários do trabalho na Capital

Não há um levantamento oficial, mas empresas veem como baixo o índice de atestados

Paula Maciulevicius Brasil | 18/12/2020 06:56
Empresas adotaram medidas como aferição de temperatura para entrada nos locais de trabalho. (Foto: Divulgação/Plaenge)
Empresas adotaram medidas como aferição de temperatura para entrada nos locais de trabalho. (Foto: Divulgação/Plaenge)
Gerente, Marcelo fala que ações foram efetivas para diminuir contaminação no trabalho. (Foto: Divulgação/Plaenge)
Gerente, Marcelo fala que ações foram efetivas para diminuir contaminação no trabalho. (Foto: Divulgação/Plaenge)

Dezessete anos atrás, quando o engenheiro Marcelo Kenchikoski adentrou as portas para trabalhar na construtora Plaenge, não imaginava que seria testemunha e também coadjuvante de ações em torno de se evitar a contaminação da covid-19. "E eu poderia estar há 100 anos, que não teria me deparado com algo assim, é muito difícil de você planejar isso", comenta o gerente de engenharia da construtora.

Em março, as empresas tiveram de readequar horários e formas de trabalho a fim de evitar aglomerações e seguir à risca medidas de higiene que hoje são essenciais, como máscara, álcool em gel e distanciamento. As duas empresas entrevistadas pelo Campo Grande News, Plaenge e Senac, mostram como foi a estruturação de trabalho e o impacto sentido com o afastamento de funcionários infectados pelo coronavírus. Nos dois casos, o percentual foi de até 20% durante todo o ano, índice que ficou dentro da normalidade de afastamentos e não é visto como prejuízo.

Na Plaenge, o impacto sentido foi de 20% em produção e número de funcionários no início da pandemia. "Esses 20% eram faltas, e segundo levantamento, era por receio e medo de contágio", explica a empresa.

Distanciamento virou regra e ações como estas têm, ao ver da Plaenge, ajudado a evitar contaminação da covid-19. (Foto: Divulgação/Plaenge)
Distanciamento virou regra e ações como estas têm, ao ver da Plaenge, ajudado a evitar contaminação da covid-19. (Foto: Divulgação/Plaenge)

Dos, aproximadamente, 800 funcionários que a Plaenge têm, foram 59 afastamentos por suspeita de covid-19, o que corresponde a cerca de 7,3% de março até novembro. Atualmente, a empresa tem três colaboradores em quarentena e, segundo levantamento feito a pedido do Campo Grande News, não houve nenhum caso de óbito pela covid-19 e nem de internação em hospital.

"No começo houve este impacto de 20% na diminuição da nossa produção. As obras foram as mais impactadas, no escritório, nós conseguimos home office e aos poucos foram voltando ao presencial", descreve Marcelo.

A empresa atribui às boas ações o número considerado baixo de afastamentos. "Ouso dizer que foi a informação e os planos que adotamos, instituímos um protocolo, montamos um comitê com reuniões semanais que promove ações e discute as melhorias necessárias para o momento", enfatiza o gerente.

A Plaenge relata que definiu como protocolo quatro frentes, começando pelo auto-exame, no qual os funcionários preenchem toda a semana um questionário respondendo se teve contato com alguém suspeito ou se apresentou sintomas para monitoramento da empresa; seguido da aferição de temperatura e no caso de suspeita, o colaborar volta para casa e é monitorado pelo médico do trabalho; monitoramento e orientação, que é quando o funcionário tem todo acompanhamento do médico do trabalho da empresa e, por último, quando o próprio funcionário avisa o chefe imediato de que está com sintomas.

"O funcionário que identifica sintomas suspeitos pode avisar sua liderança por telefone, não sendo necessário se dirigir ao local de trabalho. É acompanhado pelo médico do trabalho e encaminhado para exames na rede pública ou privada, se necessário", informou a Plaenge.

Limpeza e sanitização também virou rotina nas empresas. (Foto: Divulgação/Plaenge)
Limpeza e sanitização também virou rotina nas empresas. (Foto: Divulgação/Plaenge)

Quando  a suspeita é confirmada, o funcionário é orientado a permanecer em casa, já quanto aos atestados, a Plaenge diz que depois de ser informada sobre o afastamento, segue o processo de acompanhamento pelo médico do trabalho. "Somente após período de quarentena, e comprovada a não infecção ou cura por covid-19, o colaborador retorna ao trabalho, somente com aval do médico do trabalho", ressaltou a construtora.

No Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) há 11 anos, Michele Kits, que hoje ocupa o cargo de diretora de gestão corporativa, também comemora que não houve entre os 270 funcionários nenhum óbito e os que tiveram a covid-19, se recuperaram.

Para a situação crescente de casos, a diretora afirma que na empresa "os números de afastamento estão equilibrados diante do que estamos vivendo no País. Tivemos sim suspeita e alguns acabaram tendo confirmação do positivo, mas todos tiveram plena recuperação", comenta.

No início da pandemia, em março, todos os funcionários foram para home office e depois de 45 dias, foram voltando aos poucos à unidade, e mesmo assim com um rodízio que permanece até hoje.

No Senac, funcionários estão em rodízio entre trabalho presencial e home office. (Foto: Paulo Francis)
No Senac, funcionários estão em rodízio entre trabalho presencial e home office. (Foto: Paulo Francis)

Dos 270 colaboradores, cerca de 17 a 20% ficaram afastados por suspeita de covid. "Um número dentro da média esperada e não impactou", afirma a diretora.

Os funcionários não foram obrigados a apresentar atestado médico, porque a empresa entendia a demora para marcar e até conseguir realizar o exame. "Apresentou sintomas? Sinalizava a gestão de  recursos humanos que já afastava imediatamente", explica Michele.

Os protocolos adotados pelo Senac quanto aos afastamentos foram centrados na área de gestão de pessoas. "Se tiver contato com pessoa contaminada ou suspeita de covid, ou já tiver a confirmação, imediatamente precisa passar a informação para a nossa área de gestão e fazer o isolamento para se ter o bloqueio imediato e não uma contaminação em massa", detalha Michele.

Diretora, Michele fala que não houve impacto na produção e que atestados ficaram dentro do nível esperado. (Foto: Paulo Francis)
Diretora, Michele fala que não houve impacto na produção e que atestados ficaram dentro do nível esperado. (Foto: Paulo Francis)

Casos de home office eram avaliados em casos de suspeita sem sintomas. "Se confirmasse, independentemente de atestado, já pedíamos para fazer o afastamento. Quem teve confirmação por covid e cumpriu o isolamento em torno de 15 dias, recomendamos que os primeiros 15 dias de retorno ao trabalho ainda seja em home office, porque às vezes pode haver uma evolução da doença em até 21 dias, então garantimos um pouco mais deste isolamento", explica.

Com a preocupação na saúde dos funcionários, a diretora fala que não houve impactos na produção e ninguém precisou realizar horas extras ou assumir outras funções para suprir a ausência do colega. "Foi muito tranquilo, a gente tinha a ideia de que poderia não ser fácil o home office, fomos colocados num desafio para fazer isso, oferecemos as ferramentas para que todos exercessem suas atividades e mesmo em trabalho remoto, a produtividade e performance e resultado não caíram", avalia.

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