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Cidades

Crise nacional se aproxima e estoque de dipirona injetável fica comprometido

Estoque do medicamento na Santa Casa e Hospital Regional devem durar até esta semana

Gabrielle Tavares | 11/04/2022 18:05
Preço da dipirona injetável ameaça interrupção do medicamento no País. (Foto: Divulgação)
Preço da dipirona injetável ameaça interrupção do medicamento no País. (Foto: Divulgação)

Diante de uma crise nacional na comercialização da dipirona injetável, os estoques dos principais hospitais da Capital só devem durar até esta semana. O HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) e a Santa Casa de Campo Grande já estabeleceram contingenciamento, priorizando o uso de outros medicamentos.

O HRMS informou que possui estoque para três dias, ou seja, até quinta-feira (14). O hospital efetuou compra de novos medicamentos na farmacêutica Santista, mas a empresa informou atraso de até 150 dias na entrega do produto devido à falta de matéria prima no País. Esse novo estoque deve chegar na primeira quinzena de maio.

Até lá, o corpo clínico foi orientado a contingenciar a dipirona injetável e estimular o uso da dipirona oral, além de injetar o remédio tramadol.

 O diretor-presidente da unidade, médico Lívio Viana explicou também que como medida a longo prazo, a unidade pode preconizar o uso do paracetamol injetável. “Por enquanto, não sentimos o impacto, mas sabemos que vai faltar em todo País”, enfatizou.

Na Santa Casa, o estoque é ainda menor: deve durar até quarta-feira (13). De acordo com a unidade, caso não seja reposto a tempo, poderá ser administrada dipirona em comprimido e em frasco, além do trometamol cetorolaco. “A falta da medicação é devido à grande procura e o alto valor”, informou, em nota.

Questionada, a SES (Secretaria Estadual de Saúde) informou que a dipirona injetável não faz parte do componente especializado, nem do estratégico do Estado. Desta forma, a aquisição da solução é responsabilidade das unidades hospitalares.

Falta de matéria prima - O Brasil não produz os componentes usados para a fabricação da dipirona, os remédios apenas são importados pelas farmacêuticas e distribuídos pelas mesmas. O preço é moderado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos, ligado a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) por ser um medicamento controlado.

Contudo, as empresas reclamam que o custo da importação já supera o da venda, estabelecido pela Anvisa, e ameaçam parar a comercialização do produto. Foi o que fez o Laboratório Teuto, responsável por mais da metade do mercado brasileiro, que suspendeu, em fevereiro deste ano, a distribuição por tempo indeterminado.

Em ofício ao Ministério da Saúde, o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) informou a relação de medicamentos que estão sendo associados a sérias dificuldades de acesso.

Além da dipirona injetável, a lista elenca a neostigmina, reversor de bloqueio neuromuscular, que influencia diretamente o fluxo de todas as anestesias gerais; a ocitocina, cuja dificuldade de acesso compromete significativamente a realização de partos no País; aminoglicosídeos, usadas no tratamento de infecções bacterianas; e ainda imunoglobulina humana.

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