Deputados são recebidos por reza kaiowá no 3º dia da Assembleia Terena
Parlamentares de MS e outros estados participam ao longo do dia de discussões sobre questões indígenas
Foi com oração e escolta de rezadores e remadores guarani-kaiowá que deputados foram recebidos na aldeia Ipegue, em Aquidauana, nesta sexta-feira (dia 10), para o terceiro dia da 13ª Assembleia Terena. Danças tradicionais terena também deram boas-vindas às autoridades.
A visita deles inclui ao longo do dia discussão de saúde e educação, além da mesa-redonda sobre participação indígena na política e a construção de uma agenda de resistência. De Mato Grosso do Sul, estão Pedro Kemp (PT), deputado estadual, e Dagoberto Nogueira (PDT), deputado federal. Estão também os deputados Áurea Carolina (MG) e Edmilson Rodrigues (PA), ambos do PSOL, e a primeira mulher indígena deputada federal, JoêniaWapichana (RR), da Rede.
Em cada lado da quadra de esporte, uma linha foi formada com homens terena que dançaram, formando uma espécie de passarela. No meio de cada parlamentar, havia um indígena que fazia a escolta.
Pedro Kemp aponta o desmonte das ações, até então, voltadas para os indígenas. “Vejo que hoje temos uma política anti-indígena, que logo no início, que tirou a demarcação de terras da Funai e colocou na Agricultura, controlada pelo agronegócio”.
Reforça o posicionamento o deputado Dagoberto Nogueira. Para o parlamentar, o momento é delicado diante do “pouco interesse” que o governo tem nesta população. “Conseguimos devolver a demarcação de terras para o Ministério da Justiça, temos que defender outros interesses, mas sem prejuízo das causas indígenas”.
O deputado federal Edmilson Rodrigues (PSOL/PA) disse que a situação das comunidades indígenas é preocupante, mas acredita na resistência e no fortalecimento das comunidades. “O que se vê hoje é ódio e desprezo às comunidades, mas eles têm muito a ensinar”, avaliou.
O parlamentar citou como vitória a decisão de ontem da Comissão do Congresso, que determinou a Funai (Fundação Nacional do Índio) ficará sob responsabilidade do Ministério da Justiça, com missão de fazer demarcação de terras indígenas.
Para a deputada federal Áurea Carolina (PSOL/MG), esse é momento de retrocesso nas políticas indigenista. Segundo ela, a assembleia é importante para construir pontes entre as comunidades e outros movimentos populares para que não se perca direitos adquiridos.
“É preciso que os povos indígenas construam sua representação política, possam confiar nesse poder e amparar candidaturas próprias, legítimas”. (Colaborou Paulo Francis).
Na galeria abaixo, imagens da chegada dos parlamentares e início da cerimônia na aldeia [fotos: Paulo Francis]:
Confira a galeria de imagens: