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Cidades

“Eles decidem, elas morrem”: janeiro tem salto de feminicídios em MS

Mato Grosso do Sul já registra o dobro de crimes no comparativo com 2021

Aline dos Santos | 29/01/2022 14:56
Francielli, de 36 anos, passou 27 dias sendo torturada pelo marido. (Foto: Reprodução/Facebook)
Francielli, de 36 anos, passou 27 dias sendo torturada pelo marido. (Foto: Reprodução/Facebook)

Primeiro mês do ano, janeiro não trouxe boas-novas para as mulheres. Mato Grosso do Sul já registra o dobro de feminicídios no comparativo com 2021. No ano passado, foram dois crimes entre primeiro e 29 de janeiro.

Neste 2022, são quatro casos em que mulheres foram vítimas desse crime de ódio. As estatísticas são da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública). O feminicídio é uma qualificadora que aumenta a pena para os assassinos.

Seguindo o roteiro de que homens decidem quando mulheres vão morrer, a última vítima foi Francielli Guimarães Alcântara, de 36 anos, que passou 27 dias sendo torturada pelo marido Adailton Freixeira da Silva, de 46 anos, no Bairro Portal Caiobá, em Campo Grande.

Na madrugada de quarta-feira (dia 26), ele fugiu depois de avisar o filho de 17 anos que ela estava morta. O adolescente disse que a mãe teve mal súbito, mas o corpo da vítima mostrava as marcas da violência sofrida.

Segundo a perícia médica, as nádegas de Francielli não tinham nem pele devido a queimaduras dos choques que ela recebia do marido. Os detalhes do caso foram informados pelo delegado Camilo Kettenhuber.

Ela usava bandagens nas feridas, encontramos e apreendemos esses curativos. Além disso, ela tinha diversas perfurações de faca pelo corpo, marcas de pancadas na cabeça, teve o cabelo cortado e dentes quebrados pelo marido durante as torturas".

Acionada por vizinhos, a Polícia Militar chegou a ir ao local por três vezes, mas Francielli, com muito medo das ameaças, dispensava os policiais.  De acordo com as investigações, uma traição por parte de Francielli foi o que motivou todas as torturas.

 A violência imposta a vítima é a vida real que encontra correspondência na ficção, com circunstâncias que remetem à série “Bom dia, Verônica”. A personagem Janete vive uma relação abusiva, sofre violência doméstica e é afastada do convívio com os familiares.

Corpo de Rosiclei Paredes, de 39 anos, foi encontrado em fossa. (Foto: Reprodução/Facebook)
Corpo de Rosiclei Paredes, de 39 anos, foi encontrado em fossa. (Foto: Reprodução/Facebook)

No dia 22, Rosiclei Paredes, de 39 anos, foi encontrada morta em uma fossa no fundo da residência onde morava, no Bairro Jardim Alvorada, em Bandeirantes. A vítima foi estuprada e assassinada a facadas. O crime foi confessado por Eduardo Gomes Rodrigues, de 53 anos.

Ela e o esposo, que estava trabalhando em uma fazenda no dia do crime, dividiam o aluguel com Eduardo há cerca de um mês.

Em 16 de janeiro, Paulina Rodrigues, de 103 anos, foi morta espancada pelo genro, Celestino de Souza, 91 anos, na cidade de Tacuru, a 421 quilômetros de Campo Grande.

 Marli Fonseca Tavares, de 38 anos, morreu no dia 15. Ela foi agredida pelo companheiro no Natal, em Sete Quedas. O suspeito foi preso.

Mato Grosso do Sul terminou 2021 com 34 mulheres mortas por feminicídio. (Arte: Henrique Lucas)
Mato Grosso do Sul terminou 2021 com 34 mulheres mortas por feminicídio. (Arte: Henrique Lucas)


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