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Cidades

Em mais de 30% dos casos, filhos assistiram mães serem mortas por companheiros

Segunda edição do "Mapa do Feminicídio" foi divulgada nesta terça-feira (1º) mostrando aumento de 33% em MS

Ana Oshiro | 01/06/2021 12:08
Mapa do Feminicidio foi divulgado em live do Governo de MS nesta terça-feira (Foto: Reprodução)
Mapa do Feminicidio foi divulgado em live do Governo de MS nesta terça-feira (Foto: Reprodução)

A segunda edição do "Mapa do Feminicídio em Mato Grosso do Sul", divulgado nesta terça-feira (1º), durante lançamento de campanha estadual de combate a esse tipo de violência, confirmou que 2020 foi um ano atípico: com alta de 33% nos casos de feminicídio em Mato Grosso do Sul. Em Campo Grande, o aumento foi de 120%.

Dado chocante trazido pelo documento é a orfandade provocada pela violência que abateu a família das vítimas. Das mulheres mortas, 75% tinham filhos,  de um bebê de dois meses até adultos.

Desses filhos, 71 que perderam suas genitoras, 13 presenciaram a cena, entre eles uma criança de 8 anos.

Ela viu o pai agredir a mulher e jogar em um poço, em setembro, na cidade de Laguna Carapã. Foi preso chamar os bombeiros para retirar o cadáver do lugar.

Cena de feminicídio presenciado por criança em Laguna Carapã: menino de 8 anos viu pai jogar mãe no poço. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)
Cena de feminicídio presenciado por criança em Laguna Carapã: menino de 8 anos viu pai jogar mãe no poço. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)


Aumento - O documento mostra que de  30 casos em 2019, o número de feminicídios passou a 40 mulheres  em 2020 no Estado. Em Campo Grande, foram 12, contra 5 no ano anterior.

 A maioria foi vítima do sentimento de posse dos companheiros ou ex-companheiros.

Segundo o relatório, 40% percentual de de feminicídios que ocorreram porque os autores não aceitavam o fim do relacionamento.

Em 32,5% dos casos o motivo foi posse e controle sobre a autonomia da mulher", continua o material.

Espalhado - Desde que a lei sobre a tipificação do feminicídio foi criada no Estado, conforme  o levantamento, 56 cidades de Mato Grosso do Sul registraram casos.

Ao todo, no ano de 2020 foram registrados 17.286 boletins de ocorrência de violência doméstica, 66 tentativas de feminicídio e 40 mulheres mortas, dessas.

Conforme o levantamento, apenas 5 mulheres estavam com medida protetiva em vigência no momento que foram mortas.

De acordo com o "Mapa do Feminicídio", a vítima mais nova de 2020 tinha apenas 17 anos, já a mais velha tinha 80 anos.

Em abril deste ano, mulher foi espancada na frente dos filhos em São Gabriel
Em abril deste ano, mulher foi espancada na frente dos filhos em São Gabriel

"Os 40 casos de feminicídio foram analisados, na maioria deles as mulheres foram mortas sob pretexto de que o companheiro amava demais, ou por eles terem ciúmes demais das mulheres. Só que quem ama, não mata. Isso não é amor, é controle, é posse", disse a subsecretária de Políticas Públicas para Mulheres, Luciana Azambuja.

Segundo o levantamento, na Capital a maioria das mortes foi cometida por ex-companheiros, enquanto no interior os autores do crime ainda mantinham a relação com a vítima. O mapa também mostrou que nas cidades do interior do estado a arma mais usada para matar as mulheres é a faca, enquanto na Capital o uso de arma branca e arma de fogo são equivalentes.

"Não podemos tolerar, não podemos banalizar e não podemos aceitar a violência contra mulheres. Combater o feminicídio tem a ver com você, tem a ver com todos nós", disse ainda Luciana Azambuja, ao lembrar que qualquer pessoa pode denunciar casos de violência doméstica à polícia, ajudando assim a vítima que muitas vezes está em um ciclo vicioso difícil de ser quebrado.

Desde o dia 1º de junho de 2015, quando a jovem Ísis Caroline da Silva Santos, de 21 anos, foi a primeira vítima de feminicídio no estado, até o último dia do ano de 2020, 180 mulheres já perderam a vida em Mato Grosso do Sul. As denúncias de violência doméstica podem ser feitas através do número 180, ou do 190, de forma gratuita e anônima.

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