Em MS, 51 ganhavam “mesada” do PCC por missões que incluiam matar policiais
Valores são tabelados e pagos de acordo com o desempenho do membros da facção
Um dos objetivos da segunda fase da Operação Caixa Forte, deflagrada nesta segunda-feira (31), foi atacar o núcleo responsável por remunerar integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) após suas prisões. Em Mato Grosso do Sul, 51 dos 85 alvos de mandados de prisão ocupam celas de 5 unidades prisionais.
Eles fazem parte do grupo de 172 detentos internados em 31 presídios brasileiros que, segundo a investigação, recebem “mesadas” por fazerem parte da maior organização criminosa que atua dentro e fora das penitenciárias do Brasil.
O “salário”, de acordo com o delegado da Polícia Federal de Minas Gerais, Alexsander Castro, coordenador da força-tarefa, é tabelado e pago de acordo com o desempenho dos beneficiários na estrutura da facção.
Em coletiva dada à imprensa de Belo Horizonte no fim desta manhã, o chefe da operação não quis divulgar os valores, mas disse que líderes no PCC recebem determinada remuneração por exerceram o “cargo”, que é dobrado caso o membro tenha sido preso por executar alguma missão e triplicado se a tarefa concluída “com sucesso” foi matar algum agente das forças de segurança.
A Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário de MS) e o Depen (Departamento Penitenciário Nacional) não deram detalhes sobre o cumprimento dos mandados nas unidades que administram. Não há informações, por exemplo, se há e quantos presos do Presídio Federal de Campo Grande são alvos da força-tarefa.
A Polícia Federal de Minas Gerais informou apenas que contou com a ajuda do trabalho de inteligência das administrações do sistema carcerário e que os detentos dos presídios federais identificados “não necessariamente continuam cometendo crimes”, por estarem no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), o que dificulta a comunicação com o lado de fora dos muros, mas recebem as mesadas.
Laranjas – Segundo o delegado coordenador da operação, a segunda fase estava focada em “atacar” o núcleo o responsável por angariar recursos para a manutenção da “ajuda de custo”.
Na fase 1, a operação identificou os responsáveis pelo chamado “Setor do Progresso” da facção, que se dedica à lavagem de dinheiro proveniente do tráfico. Foi descoberto que parte dos valores obtidos com a venda de droga era canalizado para inúmeras outras contas bancárias da facção, inclusive para o “Setor da Ajuda”, responsável por recompensar membros da facção recolhidos em presídios.
Foram identificados 210 integrantes do alto escalão da facção, recolhidos em Presídios Federais (Campo Grande tem uma unidade), que recebiam valores mensais por terem ocupado cargos de relevo na organização criminosa ou executado missões determinadas pelos líderes.
Ainda conforme a PF, para garantir o recebimento do “auxílio”, “os integrantes do grupo indicavam contas de terceiros não pertencentes à facção para que os valores, oriundos de atividades criminosas, ficassem ocultos e supostamente fora do alcance do sistema de justiça criminal”.
A maior - No ranking da operação, realizada em 19 Estados e Distrito Federal, MS ficou atrás apenas do Paraná, onde são 101 mandados de prisão. Das 85 ordens de prisão no Estado, 74 são em Campo Grande e três em Dourados.
Prisões também acontecem em Água Clara, Aquidauana, Bandeirantes, Bataguassu, Bonito, Corumbá, Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo.
São 37 mandados de busca e apreensão no Estado: Água Clara (1), Aquidauana (1), Bandeirantes (1), Bataguassu (1), Campo Grande (28), Corumbá (1), Dourados (1), Paranaíba (1) e Ribas do Rio Pardo.
O PCC faz 27 anos de fundação nesta segunda-feira, 31 de agosto, e a data deixa sempre a segurança pública em alerta.