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Cidades

Febre persistente em crianças tira sono de pais; médicos falam sobre sintoma

Casos aumentam; pediatras explicam causas e o momento certo de cuidar da febre em casa ou levar à emergência

Cleber Gellio | 10/10/2022 14:01
Pediatra esclarece dúvidas sobre febre em crianças (Foto Reprodução)
Pediatra esclarece dúvidas sobre febre em crianças (Foto Reprodução)

Você sabia que de 20% a 30% das consultas pediátricas têm a febre como sintoma principal? O sintoma é uma das queixas mais frequentes entre todos os atendimentos, tanto em consultas ambulatoriais como os de emergência, segundo estudo da Sociedade Brasileira de Pediatria. Mas nas últimas semanas, os relatos de mães tem crescido, com febre que não passa e diagnóstico que não vem.

A publicitária, Márcia Prado, 40 anos, mãe da pequena Camille, de 5 anos, faz parte dessa estatística e lembra com aflição das noites em claro que passou de prontidão, com termômetro a tiracolo, observando a temperatura do corpo da filha.

“A febre começou às 3h da madrugada. Aferi a temperatura, o termômetro marcava 37,9 Cº, foi quando dei o remédio e baixou. Já pela manhã, acordou com febre e ficou o dia inteiro. Eu dava o medicamento e a febre passava, mas horas depois insistia em voltar. Além da febre, ela também reclamava de dores nas costas e na barriga. Agendamos uma consulta, para três dias depois, mas como a febre não baixava a levamos no pronto socorro, no dia seguinte”, explica Márcia.

A preocupação da publicitária é a mesma de muitos pais que têm perdido o sono ao se deparar com situação semelhante de casos de febre mais duradoura. Mas afinal, quando cuidar em casa ou levar imediatamente ao médico? De acordo com a pediatra, Natacha Dalcolmo, os pais devem ficar atentos aos sinais de alerta como febre por mais de 48 horas ou mesmo as que atinjam temperaturas maiores que 39°C, antes deste período.

“Também quando a criança se apresenta desidratada ou com dificuldades respiratórias, mesmo fora da febre, o que já significa um sinal de alerta para atendimento médico imediato. Além da perda de estado geral, que é quando a criança fica abatida, não levanta e não quer brincar. Caso não haja critério de gravidade, a gente orienta a esperar 48 horas, porque muitas vezes a febre some combatida pelo próprio organismo”, orienta a médica.

Isso porque, na faixa etária pediátrica, a maioria dos quadros febris são causados por infecções virais, que a longo prazo fortalecem o sistema imune das crianças e as tornam adultos resistentes aos agressores, conforme explica a pediatra Fernanda Maia Brustoloni, especialista infectologista.

“A febre não se trata de uma doença e sim de um alarme ao organismo, um aviso de que ele está combatendo algum “agressor”, sendo este infeccioso (vírus, bactérias, fungos, etc) ou não infeccioso”, acrescenta.

Foi o que houve com Maria Alice Ramos Cance, 6 anos, filha da nutricionista, Ana Glaucia Pereira Ramos, 36 anos, que após consulta devido ao tempo mais longo de febre, teve o diagnóstico genérico de doença respiratória. “Começou a se queixar de dor de cabeça e depois teve febre que durou um dia e uma a noite inteiros. Mesmo tomando a medicação, teve vômito e febre alta e a partir de dois dias de tratamento que os sintomas reduziram”, relata a mãe.

Febre e diagnóstico  – Outra queixa relatada por leitores do Campo Grande News é falta de um diagnóstico após a redução dos sintomas. No entanto, embora a febre seja fácil de detectar, determinar a sua causa necessita de uma investigação mais detalhada, pois muitas vezes não é possível identificar especificamente qual vírus foi o causador. O que a comunidade médica sabe é que a maioria dos vírus causam febre por um período médio de 48 a 72 horas, sendo quadros não graves e autolimitados.

“Boa parte desses quadros são causados por vírus e eles são milhares. Para fazer uma investigação teríamos que fazer exame de sangue para inúmeros vírus. Tem como saber a causa? Sim. Só que para isso teríamos que fazer uma pesquisa específica para cada vírus, o que se torna inviável. Se o corpo está dando conta, a investigação seria somente para ter a informação e não mudaria a conduta porque os remédios prescritos, são aqueles mesmos para reduzir os sintomas”, detalha Dalcolmo.

Arte Lennon Almeida
Arte Lennon Almeida

Nos quadros virais não é necessário tomar antibiótico, somente os denominados sintomáticos como antitérmico e cuidados gerais, como uma hidratação adequada. “Então, quando o pediatra após avaliar e examinar a criança classifica o quadro como uma virose, não significa que não se sabe o que a criança tem e sim o diagnóstico de que o organismo da criança está enfrentando um vírus”, esclarece a infectologista, Fernanda Maia.

Porém, a pediatra alerta para infecções com maior potencial de gravidade. Neste caso, além de uma análise física, o médico pode pedir exames mais detalhados como de imagens (Raio-X) e de sangue (hemograma), havendo necessidade de intervenção com terapia medicamentosa específica, como no caso de infecções bacterianas.

Para concluir, a pediatra instrui que “diante de uma criança com febre não devemos nos desesperar em combatê-la e sim em manter a calma e observar o estado da criança. Os pais devem conhecer os sinais de alerta da febre e ter um pediatra de confiança para que possam receber orientações adequadas e chegar a um diagnóstico e tratamento correto".

Alerta –Não existe um valor “mágico”, teórico, fixado por consensos ou guias para administrar antitérmicos. A recomendação para uso em crianças deve ser feita quando a febre está associada a desconforto evidente (choro intenso, irritabilidade, redução da atividade, redução do apetite, distúrbio do sono) e sempre sob orientação médica.

Afinal, os antitérmicos estão entre os fármacos mais utilizados em crianças febris, com ou sem prescrição médica, e são comumente causa de intoxicações, em geral por erro na administração. Os três antitérmicos disponíveis no Brasil são: paracetamol, ibuprofeno e dipirona. Todos são eficazes e seguros quando utilizados dentro de sua faixa terapêutica e de modo isolado.

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