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Cidades

Golpistas da Ouro de Ofir fizeram 387 vítimas e tinham extrato de 998 bilhões

Vítimas apresentaram à Dedfaz contratos registrados em cartório, medida para assegurar credibilidade

Aline dos Santos | 03/07/2019 09:45
Ministério Público fez nova denúncia por estelionato. (Foto: Marina Pacheco)
Ministério Público fez nova denúncia por estelionato. (Foto: Marina Pacheco)

Sete denunciados por estelionato, 387 vítimas em 19 Estados e extrato bancário de R$ 998 bilhões. A profusão de números faz parte de denúncia do MP/MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) sobre um esquema de golpe cuja dinâmica ficou conhecida na operação Ouro de Ofir, realizada em 2017 pela Polícia Federal e que tem processo em trâmite na Justiça Estadual.

No último dia 6, a promotoria apresentou denúncia contra sete pessoas, apontadas como integrantes de organização criminosa com atuação em mais de um Estado, “cuja finalidade precípua era a obtenção de grande numerário de valores pecuniários e bens patrimoniais, mediante induzimento a erro de inúmeras vítimas, nos moldes estampado na definição de crime de estelionato”.

De acordo com o MP/MS, o golpe é movido por vendas de aporte para obter direito a repasse de cifras milionárias, oriundas de negociação relacionada à compra e venda de grande quantidade de ouro. A transação superaria R$ 1 trilhão, quantia já repatriada, mas que estaria bloqueada pelo Banco Central.

No aporte, a pessoa adianta um valor, em média R$ 1 mil, para receber mil vezes o valor investido. “Os denunciados formalizavam com as vítimas Contratos de Cessão de Direitos e Obrigações e Instrumentos Particulares de Cessão de Doação Financeira, todos com firmas reconhecidas em cartório”, aponta a denúncia, sobre medidas para dar credibilidade ao negócio.

A denúncia traz, no rol de testemunhas, 387 vítimas, incluindo uma que investiu R$ 120 mil. As pessoas residem em Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Tocantins, São Paulo, Rio Grande do Sul, Rondônia, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná, Paraíba, Pará, Mato Grosso, Maranhão, Acre, Espírito Santo e Sergipe.

Documentos – Com mais de cinco mil páginas, o processo tem inquéritos da Dedfaz (Delegacia Especializada de Repressão a Crimes de Defraudações, Falsificações), com denúncias desde 2015.

A investigação ainda traz os contratos registrados em cartórios, depoimentos, extrato de conta bancária com R$ 998.875.563.737,72 e ofício do Banco Central, apontado como falso, referendando a operação financeira.

Inquérito tem extrato de conta: fortuna de R$ 998 bilhões.
Inquérito tem extrato de conta: fortuna de R$ 998 bilhões.

Denunciados – A promotoria denunciou cinco pessoas que aturariam como corretor (vendedores de aporte remunerados com comissão): Anei Alves da Conceição,Célio Eduardo Cardoso de Souza, Jeozedaque Pereira, Joana Daiane Scuira e Wesley Festa.

Maria Inez Leite, que chegou a ser presa em dezembro do ano passado, foi denunciada por liderar operações batizadas de “Mariah”. Segundo a investigação, são três grandes operações: Au-Metal, SAP e Mariah. Líderes das duas primeiras, Celso Eder Gonzaga de Araújo e Sidnei dos Anjos Peró são réus em ações derivadas da operação Ouro de Ofir.

Nesta etapa, o MP ainda denunciou Walter Acosta, apontado como vendedor de aportes da Au-Metal, recebendo os valores pagos por investidores.

“Não vendia” – Ao Campo Grande News, Jeozedaque Pereira afirma que não vendia aportes. “Não sei por que me colocaram como corretor. Quero que você me prove onde eu induzi as pessoas. Eu entrei na operação, na Au-Metal e na Mariah, e acabava fazendo um aporte ou outro. Nunca tive a expectativa de ganhar milhões, mas que saísse um pouquinho”, diz.

Wesley Festa não quis se pronunciar. O Campo Grande News não conseguiu contato com a defesa de Maria Inez Leite e nem com os demais citados. A denúncia está na 4ª Vara Criminal de Campo Grande e ainda não teve decisão.

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