Juiz denunciado por “balcão de negócio” tem mais de R$ 7 milhões bloqueados
Agora, a defesa tenta reverter decisão em recurso ao Tribunal de Justiça
O juiz afastado Aldo Ferreira da Silva Júnior, acusado de fazer da Justiça um “balcão de negócios”, teve mais de R$ 7 milhões bloqueados por improbidade administrativa durante atuação em inventários.
A pedido do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), o bloqueio foi determinado pela 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande em processo na esfera cível.
Agora, a defesa tenta reverter a decisão em recurso ao TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). O agravo de instrumento, que tramita em sigilo, foi incluso automaticamente na pauta de julgamento virtual, sob a relatoria do desembargador Julizar Barbosa Trindade .
O magistrado foi titular da Vara de Sucessões de Campo Grande. Do conjunto de processos contra o juiz afastado, movido na esfera criminal, emerge denúncia de lavagem de dinheiro por meio de propina paga em propriedades rurais e venda de sentença por R$ 100 mil.
Ainda conforme a acusação, Aldo Ferreira usou “dos mais variados estratagemas de mascaramento, ocultou e dissimulou a origem, a localização, a movimentação e a localização dos bens e valores provenientes de crimes de corrupção”.
Para a investigação, o juiz usava um haras e uma garagem de veículos, “onde possuía negócios ocultos”, conduzidos por intermediários e feitos em nome de laranjas, para esconder a receita do “balcão de negócios”.
O Campo Grande News tentou contato por telefone com o advogado André Borges, que não retornou a ligação. Ele atua na defesa do juiz afastado.
Precatórios – Em outra frente, a promotoria pediu à 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande bloqueio de R$ 7,3 milhões por fraudes em precatórios.
Essa segunda ação por improbidade administrativa é contra o juiz afastado, a advogada Emmanuelle Alves Ferreira da Silva (esposa do magistrado) e os empresários José Carlos Lopes e José Carlos Tavares Pinto.
O processo pede bloqueio de bens e indenização por fraude em precatório (dívida do poder público reconhecida pela Justiça), que custou R$ 1,3 milhão aos cofres do governo de Mato Grosso do Sul.
Esfera criminal – Em outubro do ano passado, o magistrado foi alvo da operação Espada da Justiça, realizada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado).
No mês de abril, a PGJ (Procuradoria-Geral de Justiça) fez três denúncias na esfera criminal contra o juiz afastado. Ele é acusado de lavagem de dinheiro, peculato, falsidade ideológica, corrupção passiva e organização criminosa.