Justiça absolve três oficiais da Polícia Militar denunciados na Máfia do Cigarro
Conforme defesa, “Ministério Público nem de longe conseguiu fazer provas” contra réu
A Justiça absolveu três oficiais da PM (Polícia Militar), acusados de integrar a Máfia do Cigarro: coronel Kleber Haddad Lane e os tenentes-coronéis Carlos da Silva e Josafá Pereira Dominoni. Eles foram alvos da operação Avalanche, uma fase da Oiketicus (bicho cigarreiro).
A ação contra esquema para liberar cargas de cigarro contrabandeados do Paraguai foi deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), em 16 de maio do ano passado. A operação era em parceria com a Corregedoria da Polícia Militar.
Após seis horas de julgamento, na tarde de ontem (dia 9), Kleber Haddad Lane e Carlos da Silva foram absolvidos por unanimidade, com placar de cinco votos a zero. Já Josafá Dominoni foi absolvido por maioria dos votos: 4 a 1.
De acordo com o advogado João Arnar Ribeiro, os juízes entenderam que não há provas contra os réus. A denúncia era de corrupção passiva, peculato e organização criminosa.
“O Carlos da Silva era acusado de integrar organização criminosa, a Máfia dos Cigarreiros, e facilitar o contrabando e recebimento de vantagem indevida. Mas os juízes entenderam que o Ministério Público nem de longe, conseguiu fazer essa prova. O Conselho da Justiça Militar reconheceu a inocência deles. As provas que o Ministério Público dizia ter, não se revelaram consistentes e idôneas”, afirma João Arnar Ribeiro.
O conselho é formado pelo juiz da Auditoria Militar e quatro juízes militares. Ao ser preso no ano passado, o oficial era comandante da PM em Dourados. Atualmente, já respondia ao processo em liberdade e está em processo de aposentadoria (reserva da Polícia Militar).
A defesa do coronel Kleber Haddad Lane destaca que a absolvição por unanimidade não foi surpresa. “A absolvição por unanimidade não surpreende a defesa. O coronel Haddad sempre foi um oficial insuspeito, conhecido por toda corporação e sociedade como linha-dura no combate ao crime”, diz o advogado Tiago Bunning.
O coronel já foi comandante do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) e, quando foi alvo do Gaeco, ocupava a chefia da Superintendência de Assistência Socioeducativa, ligada à Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública).
De acordo com Tiago Bunning, o Gaeco acusou o oficial de corrupção, contribuindo com a prática de contrabando de cigarros.
“A acusação não comprovou qualquer ato de ofício ou recebimento de vantagem indevida. Em contrapartida, a defesa comprovou que houve recorde de apreensão de cigarros durante o período que o coronel Haddad foi diretor do DOF, número superior ao dobro da gestão que lhe antecedeu e não superado por nenhuma gestão posterior. Inclusive, com diversas apreensões dos contrabandistas investigados na Operação Nepsis, da Polícia Federal”, afirma.
O Campo Grande News não conseguiu contato com a defesa de Josafá Pereira Dominoni. Na próxima sexta-feira (dia 13), serão julgados o tenente-coronel Wesley Freire de Araújo e major Luiz Cézar de Souza Herculano.