Mato Grosso do Sul tem três pontos com risco “muito alto” para inundações
Os principais perigos no Estado são inundação, deslizamento, enchente e erosão
O retrato de perigos em Mato Grosso do Sul mostra que o risco para inundação é muito alto em três pontos, que ficam localizados nos municípios de Miranda e Ponta Porã, com impacto para 278 pessoas.
De acordo com mapa do Serviço Geológico do Brasil, dois pontos ficam em Miranda. O primeiro, às margens do rio com mesmo nome da cidade, coloca em perigo 60 pessoas.
Conforme o diagnóstico, há algumas casas de alta vulnerabilidade em local mais afastado da área urbana, de mais difícil acesso que são atingidas por inundações todo ano em diferentes intensidades. Em 2021, a enchente chegou ao telhado. A situação crônica faz com que os moradores tentem se resguardar.
“Os habitantes locais estão tão acostumados com as inundações que têm as suas residências elevadas ou em palafitas (...) e muitos já tem lugar certo para ficar na cidade nas semanas ou meses em que suas casas estão debaixo d’água. Mesmo sendo eventos corriqueiros, há construções recentes dentro do setor”, diz o estudo.
No segundo ponto, também em Miranda, na MS-339, a situação afeta 148 habitantes. As casas foram construídas perto das margens do rio, com inundações recorrentes, que deixam os imóveis debaixo d’água por vários dias. Foram relatadas perdas materiais e famílias desalojadas.
De acordo com o prefeito Fábio Santos Florença (PDT), a Defesa Civil monitora o nível do Rio Miranda e o alerta soa quando atinge a marca de 7 metros e 30 centímetros. Hoje, o rio tem 6 metros e 40 centímetros, com tendência de baixa. “Estamos atento para socorrer, porém está controlado. O rio não passa no meio da cidade, o que seria mais complicado”, diz.
O prefeito contesta o dado de 200 pessoas em área de risco no município. “Só tem uma família em área de risco. Como tivemos as outras enchentes em anos anteriores, fomos adequando”, afirma o chefe do Poder Executivo em Miranda.
De acordo com o coordenador da Defesa Civil, Amarildo Roberto de Souza Aguelho, o rio está em tendência de baixa. "Não há nada que possa nos assustar". Nesta semana, houve alagamento em estrada da zona rural, mas sem ameça a moradias.
Em Ponta Porã, o perigo mora na Rua Corumbá, no Jardim Aeroporto, com risco para 70 pessoas, às margens do Córrego São Estevão. O diagnóstico relata residências em ruas sem pavimentação, com pequenos comércios locais, igrejas, além de estação de captação de água.
Atualmente, o município na fronteira com o Paraguai está em situação de emergência devido à chuva torrencial. O decreto municipal foi publicado na última sexta-feira (dia 17). Em 24 horas o volume da chuva ultrapassou 250 mm (milímetros).
A medida leva em consideração a “ocorrência de diversos e significativos danos como consequência da vertiginosa mudança climática, notadamente à rede elétrica, árvores e estruturas residenciais e comerciais, além de alagamento e destelhamento de residências, destruição de aparelhos públicos, que ensejou, inclusive, a interdição de pontes e vias públicas, e o fechamento de diversos estabelecimentos empresariais”.
Pontes ficaram danificadas, aterros em estradas de terra estão comprometidos e 30 famílias ficaram desabrigadas no perímetro urbano.
A reportagem entrou em contato com a Defesa Civil nesta quarta-feira (dia 22), mas o serviço só vai se manifestar amanhã, quando será divulgado relatório final dos estragos.
Risco em 42 áreas – O Mapa de Prevenção de Desastres mostra que 22.331 pessoas vivem em área de risco em Mato Grosso do Sul, que conta com 2,8 milhões de habitantes. Os pontos ficam distribuídos por 18 municípios.
A lista é formada por Miranda (7 pontos), Corumbá (5), Camapuã (4), Ponta Porã (4), Campo Grande (4), Aquidauana (2), Guia Lopes da Laguna (2), Ladário (2), Nioaque (2), Bonito (2), Porto Murtinho, Bataguassu, Batayporã, Bela Vista, Coxim, Dourados, Ivinhema e Anastácio.
Os principais perigos em Mato Grosso do Sul são inundação, deslizamento, enchente e erosão. Em Corumbá, o risco é alto para deslizamento na Alameda Vulcano, Borrowsky e Cervejaria.
Na Capital, o mapa aponta risco alto de inundação no Bairro São Francisco, Vila Popular, Avenida Capibaribe e Jardim Zé Pereira. No último dia 4 de janeiro, moradores da Avenida Rádio Maia, continuação da José Barbosa Rodrigues, na Vila Popular, foram expulsos de casas pela força da água do Córrego Imbirussu.
Com longo histórico de alagamentos, a Vila Popular já passou por obras com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), com remoção de famílias e criação de parque linear.