Mesmo sem demarcação em MS conselhos Terena e Aty Guasu celebram avanço
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou decretos de homologação de seis territórios
Nesta sexta-feira (28), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou ao lado da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, decretos de homologação de seis TIs (Terras Indígenas): TI Arara do Rio Amônia (AC), TI Kariri-Xocó (AL), TI Rio dos Índios (RS), TI Tremembé da Barra do Mundaú (CE), TI Uneiuxi (AM) e TI Avá-Canoeiro (GO).
Mato Grosso do Sul que tem a segunda maior população de povos originários do país esteve presente durante toda a semana no 19º ATL (Acampamento Terra Livre). Os conselhos Terena e Aty Guasu eram os maiores em número de integrantes que estavam presentes no local. Todos já estão se desmobilizando e retornando para casa.
De acordo com o coordenador executivo da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), Norival Mendes, 44 anos, durante os cinco dias, o grupo fez inúmeras visitas a vários ministérios e ao STF (Superior Tribunal Federal).
“Conversamos bastante com vários ministros e entreguei um documento na mão do Lula para que tome conhecimento de que continuamos sendo ameaçados e que começou tudo de novo os ataques do povo guarani-kaiowá”, lamenta.
De acordo com ele, Lula disse que a prioridade do governo é demarcar as terras dos yanomamis e dos guarani-kaiowá. Mas na prática as próximas demarcações previstas não incluem nenhuma das 60 aldeias de Mato Grosso do Sul que aguardam a demarcação.
Norival é da aldeia Kunumi, em Caarapó, onde ocorreu o episódio de massacre indígena de 2016. O presidente prometeu a ele que quer acelerar as demarcações que já estão em andamento e evitar novos conflitos.
“Vamos legalizar o maior número possível de terras indígenas, não só porque é um direito, mas porque se quisermos chegar a desmatamento zero em 2030, vamos precisar de vocês”, disse Lula.
Para a psicóloga indígena, Vanessa Silva de Souza, a Vanessa Terena, que esteve desde o primeiro dia no acampamento, as demarcações anunciadas foram muito importantes. “Não é o esperado, nem o necessário. Mas depois de seis anos sem demarcação, é um avanço”, explicou.
Os cinco dias foram marcados por momentos de muita articulação. “Foram dias cansativos, intensos e fortalecedores. Como sou indígena psicóloga, trabalhei com minha articulação e foi lindo”. Os povos originários de todo o país prometem retornar para Brasília nos próximos meses, para acompanhar de perto o julgamento do Marco Temporal, previsto para junho e a Marcha das Mulheres.