ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, QUARTA  20    CAMPO GRANDE 23º

Cidades

MP denuncia promotores paraguaios que receberam propina de Minotauro

Em troca de “presentes”, narcotraficante se livrou de investigações sobre uso de documentos falsos no Paraguai

Dayene Paz | 20/05/2022 09:24
Minotauro chegou a usar identidade falsa para fugir da polícia. (Foto: ABC Color)
Minotauro chegou a usar identidade falsa para fugir da polícia. (Foto: ABC Color)

O Ministério Público do Brasil denunciou o ex-procurador antidrogas e ex-vice ministro de Assuntos Políticos, Hugo Volpe, também Armando Cantero, por receberem propina do advogado e sócio do narcotraficante brasileiro Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, o Minotauro. Ambos eram agentes fiscais do Ministério Público do Paraguai, cargo equivalente ao de promotor de justiça no Brasil.

Conforme a denúncia, cada um dos agentes públicos recebeu uma caneta da marca Mont Blanc, avaliada em US$ 900, e um deles recebeu mais US$ 10 mil em dinheiro na intenção era arquivar investigações relacionadas a Minotauro e a advogada Maria Alciris Cabral Jara, pessoa de confiança do narcotraficante.

Hugo Volpe coordenava o grupo que investigava e denunciava o tráfico de drogas em âmbito nacional no país vizinho. Armando Cantero era o responsável pelo combate ao tráfico de drogas na região de Pedro Juan Caballero, cidade que faz fronteira com o município sul-mato-grossense de Ponta Porã.

Em troca dos “presentes”, o narcotraficante se livrou de investigações sobre o uso de documentos falsos no Paraguai. Hugo Volpe arquivou procedimento que apurava o uso dos nomes Celso Matos Espíndola ou Mário César Medina por Minotauro para tocar seus “negócios” no país vizinho.

Consta ainda que a identidade falsa em nome de Celso Matos Espíndola foi descoberta no início de 2018 pela Polícia Civil de Ponta Porã com auxílio de policiais paraguaios. O policial que liderava a investigação foi executado no dia 6 de março daquele ano e, a partir daí, Minotauro passou a adotar a identidade de Mário César Medina. Foi quando começaram seus esforços para pôr fim ao procedimento aberto no MP do Paraguai.

Minotauro - Minotauro era conhecido como uma das lideranças do PCC e um dos mais poderosos no mundo tráfico de drogas pela fronteira do Brasil. Ele e Maria integram associação criminosa que corrompia funcionários públicos.

A principal atividade da organização de Minotauro era a comercialização de cocaína proveniente da Bolívia. A logística consistia em buscar a droga na Bolívia em aviões, descarregar em uma fazenda na região de Pedro Juan Caballero e, dali, distribuir para os mais diversos destinos nacionais e internacionais.

A Minotauro cabia fomentar a produção e negociar a comercialização da droga em larga escala, além de comandar as relações da organização criminosa, seja através de violência e ameaças ou da “diplomacia”. Maria era a gestora financeira da organização, responsável pela contabilidade, que incluía pagamentos mensais a policiais paraguaios e toda a aproximação e negociação junto aos membros do Ministério Público do país vizinho, além da organização dos voos com carregamentos de drogas e da administração dos bens móveis e imóveis do grupo criminoso.

Condenação – Em setembro de 2019, a Justiça Federal em Ponta Porã condenou Minotauro a 40 anos de prisão no bojo de outra ação penal, por chefiar organização criminosa, praticar corrupção ativa junto a policiais paraguaios e por falsidade ideológica com base na emissão e utilização de documentos em nome de terceiros.

A sentença condenou ainda a esposa de Minotauro, Maria Alciris, a 20 anos de prisão pelos crimes de organização criminosa e corrupção ativa, e o piloto Emerson da Silva Lima a 8 anos por integrar a referida organização criminosa. Minotauro encontra-se preso na Penitenciária Federal de Brasília desde fevereiro de 2019.

Nos siga no Google Notícias