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Cidades

MS gasta R$ 1,4 milhão com apenas onze servidores cedidos a sindicato

O valor é pago a dirigentes da Fetems com vencimentos que, em alguns casos, chegam a R$ 16 mil por mês.

Ângela Kempfer | 23/05/2019 07:40
Jaime Teixeira, presidente da Fetems, licenciado há 14 anos da função de professor, recebe R$ 111,9 mil por ano. (Foto: Arquivo)
Jaime Teixeira, presidente da Fetems, licenciado há 14 anos da função de professor, recebe R$ 111,9 mil por ano. (Foto: Arquivo)

A despesa anual do governo de Mato Grosso do Sul com apenas 11 servidores efetivos, que não estão trabalhando no serviço público, chega a R$ 1,4 milhão, entre salários e obrigações patronais.

Todos estão cedidos para o principal sindicato do funcionalismo estadual: a Fetems (Federação dos Trabalhadores na Educação de Mato Grosso do Sul).

As despesas, que recaem sobre o orçamento da SED (Secretaria de Estado da Educação), constam em levantamento do Campo Grande News que apontou ganhos na administração pública que são, em média, 144% a mais do que o pago na iniciativa privada, ou do fato de que a média salarial do funcionalismo sul-mato-grossense está 29% acima da nacional.

Entre salário bruto e encargos patronais, os servidores cedidos ao sindicato representam sozinhos  gasto de R$ 105.664,54, conforme consta no Portal da Transparência do governo estadual. Todos são professores da rede estadual com jornadas entre 20 e 40 horas semanais e se encontram, fora das salas de aula, cedidos à Fetems.

Os servidores estão licenciados do quadro estadual há prazos variados: alguns neste ano, enquanto outros acumulam até 17 anos fora das salas de aula. É o caso do secretário de finanças da Fetems, José Remijo Perecin que têm vencimento de R$ 6,5 mil mensais para jornada de 20 horas semanais, mas chega a R$ 8,1 mil com encargos e, por ano, totaliza R$ 108,3 mil.

Em situação similar está o presidente da Fetems, Jaime Teixeira. Fora das salas de aula há 14 anos, desde 2005 ele participa de um rodizio de dirigentes que comandam a entidade. O sindicalista tem salário de R$ 6,7 mil, mas, somados aos “penduricalhos” - benefícios do servidor - a despesa do Estado com ele chega aos R$ 8,4 mil mensais ou R$ 111,9 mil ao ano.

MS gasta R$ 1,4 milhão com apenas onze servidores cedidos a sindicato

Entre os 11, o secretário de políticas municipais, Florêncio Garcia Escobar, recebe o maior salário. Com oito anos licenças do magistério estadual e jornada de 40 horas, os gastos com ele chegam a R$ 16,3 mil, sendo R$ 3,2 mil só de “penduricalhos”, ou R$ 217,8 mil ao ano para a atuação na entidade sindical.

Já a secretária de saúde da federação, Iara Cuellar, é professora há cinco anos, também com jornada de 40 horas semanais, e soma de salários e encargos de R$ 14,4 mil (ou R$ 193,1 mil ao ano).

Cálculo – Com exceção de um dos integrantes da direção a federação, todos os demais têm ganhos mensais acima da média salarial do funcionalismo sul-mato-grossense, de R$ 4.791, ou da nacional, de R$ 3.706, conforme dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).

Todos, porém, estão acima da média salarial da iniciativa privada, de R$ 1.960 (144% superior ao cálculo salarial dos servidores do Estado).

A SAD (Secretaria de Estado de Administração) realizou cálculos sobre os proventos dos 75 mil servidores públicos, sendo 49,5 mil da ativa.

Os extremos abrangem de 414 funcionários públicos com salários entre R$ 25.001 e R$ 30 mil a 294 aposentados que ganham R$ 854, valor complementado para atingir o salário mínimo (R$ 998) mais o abono.

A maioria dos servidores (R$ 19.622) ganha de R$ 2.501 a R$ 5 mil por mês; e cerca de 8 mil recebem de R$ 5.001 a R$ 7,5 mil.

Com receita em queda e no limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal, em virtude do gasto com pessoal, o governo já admite atrasar pagamento dos salários de servidores, medida que não é seguida hoje por apenas seis administrações estaduais no país, incluindo a de Mato Grosso do Sul.

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