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Cidades

MS tem 3 crianças estupradas por dia e "escola tem sido omissa", diz educadora

Para a doutora em educação da UFMS, Angela Maria Costa, a escola tem sido omissa nesse sentido

Viviane Oliveira | 13/11/2022 09:41
Ângela Maria Costa, doutora em Educação da UFMS (Foto: arquivo pessoal)
Ângela Maria Costa, doutora em Educação da UFMS (Foto: arquivo pessoal)

De janeiro a novembro deste ano, Mato Grosso do Sul registrou 1.329 ocorrências de estupros contra crianças (de 0 a 11 anos) e adolescentes (de 12 a 17 anos), são 3 vitimas a cada 24 horas. Os dados são da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública).

No começo desta semana, um homem de 46 anos foi preso pela Polícia Civil por estuprar a filha de 9 e agredir o filho de 12 anos, em um assentamento rural na cidade de Itaquiraí. Na última terça-feira (8), foi cumprido mandado de prisão preventiva de um homem de 29 anos acusado de violentar a enteada de 13 anos, em Iguatemi.

Com tantos casos registrados, a escola pode ser um espaço importante para que as vítimas entendam o crime e busquem ajuda o mais cedo possível. Para a doutora em educação da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Ângela Maria Costa, os professores devem ficar atentos às mudanças de comportamento do aluno para cobrar providência das autoridades. No entanto, a escola tem sido omissa nesse sentido.

“A escola é a principal instituição que precisa resolver isso, ela é a detentora do conhecimento e o professor tem que estar atento, com os olhos bem abertos. Não adianta querer sair fora disso, porque não pode. Fico indignada quando fico sabendo que uma criança apanhava, ficava presa, era violentada e frequentava a escola. Como a professora não percebeu isso? O professor tem obrigação de conhecer o seu aluno, individualmente", afirmou.

A educadora afirma que as escolas têm a obrigação de acionar o Conselho Tutelar (Foto: arquivo / Campo Grande News)
A educadora afirma que as escolas têm a obrigação de acionar o Conselho Tutelar (Foto: arquivo / Campo Grande News)

Conforme a especialista, a maioria das famílias é muito ignorante e não toma conhecimento do que está acontecendo em casa. Muitas vezes a violência acontece ao lado da mãe, envolvendo o padrasto, o pai. “É um absurdo. A escola tem que proteger essas crianças, tem que chamar a comunidade para a discussão, tem que chamar os pais, fazer palestras, chamar o Conselho Tutelar e mostrar que está vigilante”, explicou.

A educadora afirma que as escolas têm a obrigação de acionar o Conselho Tutelar, relatar qualquer mudança brusca no comportamento das crianças e dos adolescentes, faltas reiteradas, queda no desempenho escolar e sinais de maus-tratos.

“Muita coisa do que vem acontecendo é culpa da escola. “Tem crianças que sofrem muito e não são só as mais pobres, são de todas as classes sociais. Elas estão abandonadas à própria sorte”, disse. Ângela defende que o professor precisa ter uma formação especial para detectar esse tipo de situação. As denúncias de crimes contra crianças e adolescentes podem ser feitas através do 181.

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