Número de vítimas do trabalho escravo em 2021 foi 17% maior do que em 2020
Ministério Público do Trabalho encontrou 74 pessoas em condições análogas às de escravo
Durante 2021, o MPT (Ministério Público do Trabalho) instaurou processos que resultaram no resgate de 74 pessoas em condições análogas às de trabalho escravo em Mato Grosso do Sul. O número é 17% maior do que o contabilizado em 2020, quando 63 trabalhadores foram flagrados na mesma situação.
Conforme informações do ministério, os trabalhadores foram encontrados em nove estabelecimentos rurais espalhados por MS. Já em comparação a 2019, o número é 72% maior, pois 43 trabalhadores foram resgatados naquele ano.
Definido no artigo 149 do Código Penal brasileiro, o trabalho análogo ao de escravo é caracterizado por condições degradantes de trabalho, jornada exaustiva, trabalho forçado e servidão por dívida.
Sem detalhar as especificidades dos casos, o MPT relatou que as operações foram realizadas em conjunto com a Superintendência Regional do Trabalho, Polícia Federal, Polícia Civil, Polícia Militar Ambiental e Ministério Público Estadual.
Em abril do ano passado, uma das denúncias foi divulgada pelo Campo Grande News. O caso investigado foi investigado pelo MPT em uma fazenda no município de Miranda após um indígena de 50 anos entrar em contato com as autoridades.
De acordo com a denúncia, o homem e outro rapaz faziam serviço de instalação de cerca na fazenda e moravam em um abrigo sem luz, água e de chão batido. O indígena relatou que episódios de humilhação e assédio moral, assim como a não autorização para ir até à cidade, compunham o cenário do trabalho análogo ao de escravo.
Para conscientizar sobre o tema, o ministério está promovendo exposição fotográfica nos shoppings Campo Grande e Norte Sul Plaza até o dia 30 de janeiro. São 26 imagens que retratam as condições em que os trabalhadores foram encontrados.
Os casos retratados e que estão expostos foram registrados em fazendas nos municípios de Nioaque, Porto Murtinho, Miranda e Corumbá. Nas imagens é possível ver água suja que era consumida pelos trabalhadores, colchões velhos e sujos colocados sob toras de madeira, barracos de lona plástica em área de vegetação e buracos cavados utilizados como banheiros.
A ação marca também marca o 28 de janeiro, Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo e Dia do Auditor-fiscal do Trabalho. Para realizar denúncias, a população pode entrar em contato pelos números (67) 3358-3035, 99211-3420 e 99275-8636.