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Cidades

Pai lamenta que declarações de mães tenham maior peso

Jean Ocampos e o companheiro contaram os esforços que fizeram para defender criança

Maristela Brunetto e Jéssica Benitez | 15/02/2023 12:26
Igor acompanha Jean durante participação na tribuna da Câmara. (Foto: Henrique Kawaminami)
Igor acompanha Jean durante participação na tribuna da Câmara. (Foto: Henrique Kawaminami)

Jean Carlos Ocampos voltou a reviver hoje o drama que passou a angustiá-lo há cerca de um ano, quando surgiram suspeitas de que a filha sofria violência doméstica na casa em que vivia com a mãe, Stephanie de Jesus da Silva, e o companheiro dela, situação que escalou e, em 26 de janeiro, a criança morreu em decorrência da gravidade das agressões sofridas, além de confirmação de violência sexual. Ele participou de audiência na Câmara de Vereadores de Campo Grande agendada para abordar os serviços de atendimento às crianças depois da tragédia com a filha dele.

Jean foi junto com o companheiro, Igor Andrade. Ele relatou que os dois percorreram juntos os serviços em busca de ajuda diante das suspeitas e que sempre o companheiro era ignorado, sugerindo haver má vontade por se tratar de um casal homoafetivo. Além disso, lamentou que na rede de atendimento a voz das mães é priorizada, tendo maior peso em detrimento de outras manifestações.

Quando a filha morreu, Jean relatou ter enfrentado uma verdade via crucis, levando denúncia de violência duas vezes à Polícia Civil, pedido intervenção ao Conselho Tutelar mais de uma vez, que ele aponta não ter insistido no atendimento, e também à Defensoria Pública, não tendo avançado em pedido de guarda porque informaram que ele precisava de testemunhas dos maus tratos.

Ele contou que a guarda da criança era da mãe e que não havia um regime determinado de visitas, que ele dependia das autorizações dela; com isso, relata, se a filha tivesse hematomas de agressões, elas podiam até desaparecer com o passar dos dias.

A segunda vez que foi à Polícia, em 22 de novembro do ano passado, a menina tinha a perna engessada, com a tíbia fraturada. O caso foi registrado e remetido à Justiça no começo desse ano, depois de quase um mês foi enviado ao Ministério Público e, na última sexta-feira, foi apresentada denúncia por maus tratos. Sobre a impossibilidade de levar a filha ao IMOL (Instituto Médico e Odontológico Legal), ele contou que tentava avançar na busca por serviços escondido da mãe e nas oportunidades em que podia ficar com a filha.

A última vez em que esteve com a criança foi cerca de duas semanas antes da morte. Ele permaneceu dias com ela e devolveu à mãe.  Jean disse que nunca pensou em violar a lei e esconder a criança, argumentando que isso o tornaria criminoso. Ainda lamentou a burocracia do sistema. “Burocracia mata”, sentenciou.

Jean repetiu que espera que os debates aperfeiçoem os serviços para que outros não percam suas crianças, o que para ele já não é possível. Disse, ainda, que lutou o quanto pôde, não se sentindo culpado.

A audiência desta manhã reuniu autoridades do sistema de justiça e da rede de atendimento às crianças e adolescentes. Jean e o companheiro usaram a tribuna rapidamente e uma entidade fez uma cronologia do caso da criança, depois havendo oportunidade para os participantes apontarem falhas e sugestões para aperfeiçoar os serviços.

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