PF nem sabe o que está fazendo, diz advogado de assessora de deputado
Aline de Paiva Lopes, assessora do deputado estadual Rafael Tavares (PRTB), foi alvo de ação da PF nesta manhã
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Com “script” enviado de Brasília, nem a PF (Polícia Federal) de Mato Grosso do Sul sabia o que estava fazendo, nesta terça-feira (5), quando saiu às ruas de Campo Grande para cumprir dois mandados de busca e apreensão na 16ª fase da Operação Lesa Pátria, que mira os financiadores e fomentadores dos atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro. É o que diz o advogado Marcos Caldeira, um dos representantes de Aline de Paiva Lopes, assessora do deputado estadual Rafael Tavares (PRTB), alvo da ação.
“Nem a polícia tem o inquérito. Cumpriram o mandado, mas eles não têm a ordem por completo, eles não têm a acusação em si. Foi até difícil prestar esclarecimentos porque nem mesmo a delegada sabia o que ela poderia perguntar. Veio um script, um verdadeiro script, com perguntas que a delegada teve que ler”, afirmou o defensor na saída da Superintendência da PF em Campo Grande, ao lado da cliente.
O advogado afirma ainda que as perguntas feitas à Aline nada esclarecerão se ela teve ou não participação, direta ou indireta, nas manifestações que destruíram a sede dos Três Poderes, em Brasília (DF). “Perguntas que, ao meu ver, com quase 10 anos de atuação na área criminal, não conduzem a nenhuma elucidação de qualquer crime. Porque quando a gente fala de inquérito, a gente está falando de uma investigação para apurar uma prática delitiva e perguntas do tipo: ‘você concorda com as manifestações?’, sinceramente, não sei dizer o que concordar ou não com uma manifestação traz elementos para você apurar se a pessoa cometeu ou não um crime”.
Caldeira completa, ironizando: “até onde eu sei, crime de opinião, você concordar ou não com qualquer coisa que seja, não existe no nosso país”.
Danilo Azambuja, que também acompanhou a assessora de Tavares, disse que a cliente foi voluntariamente à sede da PF para prestar esclarecimentos, depois de amanhecer com a PF na porta de casa. “Ela não esteve presente no 8 de janeiro, não esteve em Brasília e tão somente se manifestou pacificamente aqui em Campo Grande, em frente ao CMO [Comando Militar do Oeste], assim como todos do Movimento EnDireitaMS”.
Aline Lopes ficou em silêncio durante a entrevista dos defensores para o Campo Grande News. Os advogados não informaram o que foi apreendido na casa da cliente, justificando que se trata de inquérito sigiloso.
De fato, a petição que resultou nas 53 ordens de busca e apreensão, expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes, tramita em sigilo absoluto desde o dia 14 de agosto, no STF (Supremo Tribunal Federal). O processo só pode ser acessado fisicamente, no gabinete do magistrado.
Rafael Tavares informou que Aline trabalha com ele desde a época da campanha eleitoral, em 2022. Na Assembleia Legislativa, atua como assessora intermediária III, com salário base de R$ 1.334,25, ligada ao “gabinete itinerante”, tendo como função colher as demandas da população.
O outro alvo da operação em Mato Grosso do Sul é o suplente de deputado estadual Rodrigo de Souza Lins, 40 anos.
Nacional – Além dos 53 mandados de busca e apreensão, Moraes determinou a indisponibilidade de bens, ativos e valores dos investigados. Apura-se que os valores dos danos causados ao patrimônio público possam chegar à cifra de R$ 40 milhões.
Os alvos são investigados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.
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