Queimadas recomeçam e aumentam o risco de quadros graves do novo coronavírus
Estiagem e tempo seco, já em vigor, anteciparam ocorrências de focos de incêndio
Em tempos de epidemia do novo coronavírus, Mato Grosso do Sul tem um agravante que pode prejudicar quem, porventura, for diagnosticado com a doença: as queimadas. Os problemas respiratórios, por si só, já pioram no período de muitos focos de incêndio. Em pleno avanço da Covid-19, a situação fica ainda mais delicada, com pessoas que ainda teimam em atear fogo em lixo ou plantações.
Conforme o médico otorrino Bruno Nakao, é sim um agravante para os quadros do novo coronavírus a presença frequente de incêndios. “As queimadas aumentam a quantidade de partículas suspensas no ar e prejudica quem já tem alguma doença respiratória ou pulmonar crônica”, afirma.
O médico diz ainda que “uma coisa piora a outra”, ao comentar que as condições ambientais inadequadas, com muita fuligem, “aumenta a susceptibilidade de um quadro agravado de outra doença”, no caso, o coronavírus.
Segundo o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, via assessoria de imprensa, este ano as queimadas começaram mais cedo devido a escassez de chuva e tempo seco. Com isso, até mesmo foi antecipada a formação da Sala de Situação que cuida exclusivamente da região do Pantanal.
A corporação deve também, publicar em breve, o Plano de Ação durante o período de queimadas. Geralmente, ele é publicado no final de abril, mas o deve ser até o começo do mês, devido a antecipação dos casos de focos de incêndio.
Pelos dados do Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a quantidade de focos de incêndio registrados até agora em Mato Grosso do Sul é de 926. No mesmo período do ano passado, foram 931, número que já foi bem superior a anos anteriores, quando os registros mostravam de 250 a 350 casos entre janeiro e março.
Isso significa que, por dois anos consecutivos, o Estado apresenta mais queimadas que normal para os meses que antecedem o inverno. E agora, em 2020, tal realidade precisa ser ainda melhor controlada para evitar que a população sofra com o ingrato casamento entre os problemas respiratórios e o novo coronavírus.
Os bombeiros informaram que a antecipação de medidas de combate e prevenção está sendo aplicada para dar uma resposta mais rápida à questão dos incêndios, mas que o cuidado deve ser de toda população e orientam que não se coloque fogo em terrenos baldios nem em áreas de vegetação.
Já o médido Bruno Nakao alerta a quem já tem alguma doença crônica, seja nas vias aéreas superiores, como rinite, sinusite ou alergias, bem como nas inferiores, como asma ou broncopneumonia, deve ter atenção redobrada com a própria saúde.
“Estamos recebendo muitos pacientes com medo do novo coronavírus, mesmo que não tenham doenças prévias. Então, a orientação é se cuidar ainda mais”, sustenta.