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Cidades

Resgatado do tráfico, avião que foi do FBI fica no chão à espera da Justiça

Justiça Federal já recebeu dois pedidos para uso provisório do Cessna: um da PM de São Paulo e outro do Dracco

Aline dos Santos | 27/10/2020 09:45
Avião foi apreendido na operação Cavok, que investiga organização criminosa especializada na logística do tráfico de  cocaína. (Foto: Silas Lima)
Avião foi apreendido na operação Cavok, que investiga organização criminosa especializada na logística do tráfico de  cocaína. (Foto: Silas Lima)

Apreendido na operação Cavok, um avião Cessna (prefixo PS-ONE) que já foi do FBI (polícia americana) está no hangar do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), em Campo Grande, à espera por autorização da Justiça para voar pela Polícia Civil de Mato Grosso do Sul.

De acordo com a delegada Ana Cláudia Medina, a aeronave deve ser usada para possibilitar deslocamentos em atendimento a acidentes e também para atender convênio com a Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal).

A operação Cavok foi realizada em agosto pela PF (Polícia Federal) de Ponta Porã, cidade na fronteira com Pedro Juan Caballero (Paraguai). Desde então, Justiça Federal recebeu dois pedidos para uso provisório do Cessna: da PM (Polícia Militar) de São Paulo e do Dracco.

As duas petições foram indeferidas porque somente as procuradorias dos Estados poderiam fazer as solicitações de uso provisório ao Poder Judiciário. A PGE/MS (Procuradoria-Geral do Estado) informa que fará o pedido se surgir demanda do titular da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública).

Com sequestro de 23 aeronaves de pequeno porte, a Cavok investiga organização criminosa especializada na logística do transporte aéreo internacional de cocaína, instalada na região de fronteira entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero.

Num retrospecto sobre o avião, descrito como “cadeia dominial suspeita”, a Polícia Federal aponta que o atual dono teria comprado o Cessna por R$ 700 mil de morador em Três Lagoas.

No entanto, o antigo proprietário tinha remuneração de R$ 3 mil, não tinha carro e nas redes sociais mostrava vida simples “incompatível com o fato de figurar como proprietário de uma aeronave estimada em meio milhão de reais”.

Segundo o investigador da Polícia Civil, Roberto Medina, a aeronave foi usada pelo FBI até 2017. A partir de novembro de 2018, chegou ao Brasil e foi nacionalizado, recebendo matrícula brasileira. O Cessna é avaliado em R$ 1 milhão.

Processo sobre lavagem de dinheiro, que inclui as aeronaves, foi transferido para a Justiça Federal de Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)
Processo sobre lavagem de dinheiro, que inclui as aeronaves, foi transferido para a Justiça Federal de Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)

De mudança – A operação Cavok foi desmembrada pela 1ª Vara da Justiça Federal de Ponta Porã. A denúncia de lavagem de dinheiro será transferida para a Justiça Federal de Campo Grande, onde as 3ª e 5ª Vara têm atribuição para julgar o caso.

O afastamento do sigilo fiscal e os depoimentos dos integrantes da cadeia dominial das aeronaves sequestradas resultaram em descoberta de indícios robustos de atos de lavagem de bens, dinheiros e valores.

Além da ação principal, vão ficar com a Justiça de Campo Grande os processos das aeronaves apreendidas em MS, Goiás e Minas Gerais. Já os processos de alienação de veículos, de gado aprendido em Goiás e de joias ficam com a 1ª Vara da Justiça Federal de Ponta Porã.

O juiz substituto Ricardo Duarte Ferreira Figueira autorizou o compartilhamento de provas com a Justiça do Paraguai.

Nome da operação, a sigla Cavok (Ceiling and Visibility OK) é utilizada no meio aeronáutico para definir boas condições de voo.

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