Rotina e estrutura de presídios são alteradas para evitar mais casos de covid-19
São 603 pessoas entre detentos e servidores confirmados com a doença nos presídios do Estado, que abrigam 19 mil presos
Com 603 pessoas entre detentos e servidores confirmados com covid-19 nos presídios de Mato Grosso do Sul, a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário de Mato Grosso do Sul) precisou adotar medidas diferenciadas para não expandir a contaminação pelo vírus no sistema carcerário. São cerca de 19 mil presos no Estado.
Um dos locais com mais casos é o IPCG (Instituto Penal de Campo Grande), que abriga pelo menos 1,5 mil presos. Lá, conforme a Agepen, foram esvaziados dois solários especificamente para casos positivos. Ao todo, foram reservadas cinco celas grandes, com capacidade para 150 presos. Rotinas diferenciadas dos demais presos também foram aplicadas para quem está com covid.
Ainda na Capital, no Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, três celas grandes, com capacidade para 40 presos, foram reservadas na unidade, que é a maior de regime semiaberto do estado.
Além de alterações na estrutura, foi adotado um novo protocolo de isolamento preventivo de detentos que chegam de delegacias ou que são transferidos também. Na capital, por exemplo, os presos que ingressam no sistema penitenciário são recolhidos na Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira.
Lá, está reservado um pavilhão com 26 celas, para o isolamento preventivo de sete dias e triagem específica, antes de serem encaminhados ao Complexo Penitenciário.
Com relação às mulheres presas em Campo Grande, a triagem é realizada no Módulo de Saúde, e em, casos sintomáticos, permanecem isoladas no presídio por igual período.
Já nas unidades do interior, tanto masculinas como femininas, também dispuseram, dentro de suas estruturas, espaços específicos para o isolamento preventivo.
Interior – Em Dourados, onde está localizado o maior presídio de MS, a Penitenciária Estadual de Dourados, três celas para isolamento foram reservadas no setor de saúde e um protocolo rígido de triagem de novos custodiados foi adotado, com isolamento preventivo e acompanhamento por profissionais de saúde pelo período de 15 dias.
Em Rio Brilhante, uma galeria com capacidade para 95 internos foi preparada no presídio masculino para o tratamento dos casos positivos. Lá, as celas, solários e demais setores passam por desinfecção três vezes ao dia com hipoclorito de sódio.
Já na unidade penal feminina do município, uma cela para até 14 reeducandas com solário exclusivo foi providenciada, para garantir o isolamento social de forma segura e responsável.
Ainda no interior, especificamente em Nova Andradina, foram erguidas novas no Estabelecimento Penal Masculino. A medida foi possível em parceria com os Conselhos da Comunidade.
Avaliação - Para o doutor em Doenças Infecciosas e Parasitárias, Everton Ferreira Lemos, as medidas de isolamento adotadas pela Agepen reduzem sim a disseminação do vírus e além delas, foi adotada a estratégia do diagnóstico precoce, com a identificação em tempo real dos contaminados pela doença, através da testagem por meio do teste ouro RT-PCR e também do isolamento preventivo.
“Em geral, os casos registrados dentro das unidades penais apresentam sintomas mais leves da doença, comuns de gripe, não há um agravamento como na comunidade em geral, que necessitam de internação, intubação e óbitos”, explica o especialista.
A Agepen informou ainda que de saúde da agência está também realizando as testagens para tuberculose, por meio do escarro e exames de raio-x.