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Cidades

“Se puder, fique em casa”, diz infectologista sobre coronavírus

Profissional acredita que transmissão em Mato Grosso do Sul será comunitária nas próximas semanas

Izabela Sanchez | 16/03/2020 09:49
Caminhada no na esquina entre 14 de Julho e Afonso Pena na manhã desta segunda-feira (16) (Foto: Henrique Kawaminami)
Caminhada no na esquina entre 14 de Julho e Afonso Pena na manhã desta segunda-feira (16) (Foto: Henrique Kawaminami)

“Se puder, fique em casa”, o alerta não é para pânico, não é para ficar paralisado de medo. É para ficar ciente de que novo coronavírus não é parasita de praxe. É o alerta do médico infectologista Maurício Pompílio. Apesar dos dois únicos casos confirmados em Mato Grosso do Sul até agora, o médico acredita que o Estado terá o que se chama de transmissão comunitária ou sustentada nas próximas semanas.

Transmissão sustentada ou comunitária é quando o vírus já corre na localidade sem estar diretamente ligado à vetor de outro país e por isso, é difícil saber sua origem, complicando ainda mais a chance de diminuir a curva de contágio. Por enquanto, apenas o Estado de São Paulo e do Rio de Janeiro têm esse tipo de transmissão.

Os dois casos confirmados em Mato Grosso do Sul até agora são em Campo Grande. Estudante de 23 anos que viajou ao Rio de Janeiro e esteve em outros Aeroportos em locais de risco e homem de 31 anos que viajou a trabalho para Londres na Inglaterra.

Para o especialista em doenças infecciosas, o sul-mato-grossense já deve adotar mudanças na rotina para que se acostume caso o poder público estadual endureça as medidas. Por enquanto, há apenas recomendações de evitar multidões, além de orientações de higiene. A Prefeitura de Campo Grande deve lançar ainda nesta segunda-feira (16) decreto proibindo aglomerações e suspendendo, oficialmente, as aulas na rede municipal a partir de quarta-feira (18).

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O médico acredita que reduzir os deslocamentos a setores essenciais, como o trabalho, por exemplo, são medidas que podem auxiliar o combate e mitigar efeitos ainda não vistos na Capital e em todo o Estado.

“Realmente são as condutas mais recomendadas, principalmente por causa da transmissão de pessoa pra pessoa. Evitar aglomerações e sempre ter a etiqueta respiratória, virar o rosto quando for espirrar, se protegendo com a dobra do cotovelo”, comentou Pompílio.

“Se puder, fique em casa, entendemos que nesse momento Campo Grande não está com transmissão comunitária, essa medida é necessária é quando identificamos essa transmissão sustentada, mas eu acredito que isso que vai ajudar a refletir um pouco, se acostumar com a rotina, nós acreditamos que isso [transmissão comunitária] vai acontecer nas próximas semanas”, declarou.

Hábitos – O médico também reforça as orientações divulgadas pelas autoridades de saúde até agora: ter sempre lenço descartável, lavar as mãos com água e sabão (tomando o cuidado de lavar entre os dedos e por período de 20 segundos) e ter álcool gel em mãos.

O álcool, explica, não substitui a higiene com água e sabão, mesmo porque se as mãos estiverem sujas, o álcool não adianta, mas é um reforço a mais quando não é possível acessar uma pia.

“Nós não temos esse hábito”, explica, sobre ações que as pessoas fazem sem perceber, como “acionar o botão do elevador, campainhas, uma maçaneta, isso é uma forma de contágio, e tem que levar a higienização a sério”, orienta.

O médico explica que apesar da letalidade da doença causada pelo vírus, a Covid-19 (especialmente em idosos e pessoas com doenças crônicas) não ser elevada ou acima de outras doenças respiratórias, a incerteza sobre o novo coronavírus faz com que a dificuldade em mudar o comportamento das pessoas seja o principal desafio.

“Eu acredito que tem a ver com o comportamento, nós temos muita dificuldade de mudar, às vezes não entendemos que pode acometer o nosso núcleo, a nossa família, as pessoas com problemas de saúde. Temos que ter responsabilidade, pensar no nosso coletivo, idosos, pessoas vulneráveis, na minha vizinha. Precisamos cuidar de todos”, disse.


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Entenda – O Sars-Cov-2, como é chamado o novo coronavírus, é da família viral que causa doenças respiratórias e é transmitido através de gotículas de saliva> espirro; tosse; catarro; contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão e contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

O novo vírus surgiu em Wuhan, província chinesa que ficou por quase três meses em quarentena. Acredita-se que o vírus tenha sido transmitido por um animal animal em  como por exemplo morcego, que costuma ser hospedeiro desse tipo de vírus. Agora, o epicentro da epidemia não é a China, mas sim a Europa, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde).

A Itália é o país, depois da China, com mais casos e mortes por Covid-19, mais de mil, e está atualmente em quarentena. Nesta segunda-feira (16), a Espanha também já começou a aplicar a mesma quarentena. Argentina já anunciou o fechamento das fronteiras.

Além dos riscos a saúde, o mundo vive incerteza econômica, que já beira a recessão, com a redução de fluxos e trocas e uma quebra sistêmica do setor privado. No Brasil, medidas emergenciais já começaram a ser anunciadas pelo governo federal.

A faixa de transmissão de pessoa para pessoa varia de 1,5 a 3,5 e o período de incubação do vírus no organismo é de 14 dias. Os sintomas são: febre, cansaço e tosse seca. Algumas pessoas têm dores no corpo, congestão nasal, coriza, dor de garganta ou diarreia. Uma em cada seis pessoas desenvolve dificuldade para respirar.

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