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Cidades

Só em 2024, foram encontrados 200 cigarros eletrônicos em escolas estaduais

Na batalha contra os vapes nas escolas, relatório de diretores será essencial

Por Kamila Alcântara | 02/12/2024 15:45
Católogo de produtos de fornecedor ilegal (Foto: Geniffer Valeriano)
Católogo de produtos de fornecedor ilegal (Foto: Geniffer Valeriano)

Em mais uma estratégia preventiva, a SES (Secretaria Estadual de Saúde) tem apoio da SED (Secretaria de Estadual de Educação) para ter acesso ao sistema de notificação de ocorrências escolares, conhecido internamente como Snoe, para conseguir mapear quais unidades de ensino públicos estão tendo mais registros de flagrantes de cigarros eletrônicos entre os alunos.

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A Secretaria Estadual de Saúde (SES) de Mato Grosso do Sul está colaborando com a Secretaria de Educação para monitorar o uso de cigarros eletrônicos nas escolas, após a notificação de 200 casos de "materiais fumígenos" neste ano letivo, principalmente vapes. A preocupação é que esses números possam estar subnotificados, especialmente entre jovens de 18 a 24 anos, onde o consumo é alarmante. A SES planeja padronizar as notificações e implementar palestras educativas nas escolas com mais registros. Além disso, ações estão sendo tomadas para mapear e coibir a venda de produtos ilegais nas proximidades das escolas, visando evitar um cenário semelhante ao observado em outros países, onde o uso de vapes entre jovens levou a consequências graves de saúde pública.

Mesmo com esse tipo de caso subnotificado, só neste ano letivo, 200 "materiais fumígenos" foram notificados na REE (Rede Estadual de Ensino), a maioria era vapes.

Essa estratégia foi tomada após a proibição nacional imposta pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e, também, porque Mato Grosso do Sul é o segundo estado brasileiro que mais consome cigarros eletrônicos. Entre jovens de 18 a 24 anos, o índice é ainda mais preocupante: 14,9%.

Segundo Matheus Moreira Pirolo, gerente de apoio aos municípios da SES, os 200 flagrantes no Snoe preocupa, pois há grandes chances de serem subnotificações. "A gente já está entrando em acordo com a Secretaria de Educação para poder padronizar essas notificações no ano que vem. Com isso, vamos conseguir ter um número mais completo dessas ocorrências. É com base no registro de notificações das escolas que teremos as ações intramuros e extramuros", explica.

Já que ainda não existe um CID (Código Internacional de Doenças) que consiga mapear os casos de doenças respiratórias causadas pelo uso de vapes, a estratégia encontrada é levar palestras e esclarecimentos aos adolescentes nessas escolas com mais flagrantes do produto.

Caixa de produtos ilegais apreendidos em galpão, no Jardim Paulista (Foto: Geniffer Valeriano)
Caixa de produtos ilegais apreendidos em galpão, no Jardim Paulista (Foto: Geniffer Valeriano)

Além disso, há o mapeamento das tabacarias e mercearias do entorno que possam estar vendendo o produto para esses adolescentes, como na ação da Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo) de semana passada, que aprendeu quase R$ 50 mil em material ilegal em um galpão do Jardim Paulista, em Campo Grande.

"Nosso trabalho, agora, é preventivo e com projeções do futuro. Não queremos que aconteça o mesmo que está acontecendo nos Estados Unidos e em países da Europa, que só proibiram os cigarros eletrônicos descartáveis depois que viram os resultados negativos entre os jovens. No Brasil, o consumo começou na pandemia, mas nesses países eles já usavam há pelo menos 10 anos", reforçou Matheus.

Dados do Inca (Instituto Nacional de Câncer) revelam que, entre 2023 e 2025, devem surgir anualmente 704 mil novos casos de câncer no Brasil, muitos deles relacionados ao consumo de tabaco. Estima-se que, no mesmo período, serão registrados: 15.100 casos de câncer de cavidade oral; 10.950 de câncer de esôfago; 11.370 de câncer de bexiga; e 7.790 de câncer de laringe.

Proibição - A comercialização de cigarros eletrônicos é proibida pela Resolução nº 855/2024 da Anvisa. O uso desses produtos em escolas e outros ambientes coletivos fechados é vedado pelas Leis Estadual nº 3.576/2008 e Federal nº 9.294/1996.

Quem for flagrado comercializando cigarros eletrônicos pode enfrentar uma multa sanitária de até R$ 30 mil, além da apreensão dos produtos e a possível apuração do crime pela Polícia Civil e pela Promotoria da Infância e Juventude, caso a venda seja direcionada a crianças ou adolescentes.

Em caso de denúncias sobre a comercialização ilegal de cigarros eletrônicos, a população pode ligar para os números 136 ou 151 e fornecer informações sobre o local e os responsáveis pela infração. 
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