ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SEXTA  22    CAMPO GRANDE 31º

Cidades

Som, pegação na rua e brigas: balada no Guanandi vira inquérito no MPMS

Vizinhos dizem que os transtornos são de quarta a domingo, até o amanhecer

Por Kamila Alcântara | 25/07/2024 17:20
Lounge Bar localizado na Avenida do Piano, no Guanandi II (Foto: Osmar Veiga)
Lounge Bar localizado na Avenida do Piano, no Guanandi II (Foto: Osmar Veiga)

A 42ª Promotoria de Justiça de Campo Grande acaba de instaurar procedimento administrativo para que a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) de Campo Grande tome providências com relação a regularização de uma tabacaria, localizada na Rua do Piano, no Bairro Guanandi 2. O edital de resolução do caso foi postado no Diário Oficial do Ministério Público desta quinta-feira (25) e veio após denúncias dos vizinhos, que não aguentavam mais os episódios de baderna.

O processo foi aberto em março, após a vizinha registrar um boletim de ocorrência por perturbação de sossego. A fiscalização da Semadur esteve no local quase três meses depois e constatou que o som era ouvido por toda a rua, mesmo com as portas fechadas. Além disso, só possuía alvará para funcionamento de bar, tabacaria e comércio de bebidas.

"A atividade operante no momento da vistoria era de casa de festa e eventos, com execução de música ao vivo, cobrança de ingresso para entrada e venda de bebidas. Não foi apresentada a licença ambiental para esta atividade", diz o documento de fiscalização, registrado na madrugada do dia 9 de junho.

Já em julho, um ofício pede a paralisação imediata das atividades por ser "potencialmente poluidora e sem licença ambiental". A partir do último dia 23, os proprietários da tabacaria têm um mês para apresentar a licença necessária de funcionamento, mas o local abriu as portas normalmente nesta quarta-feira (24).


“Meu sossego acabou há 3 anos” - A vizinha que moveu a ação contra o estabelecimento conversou com o Campo Grande News, mas o seu nome será preservado. Segundo ela, o problema começou quando decidiram alugar o salão em um bairro totalmente residencial, com pessoas que saem cedo para trabalhar e voltam à noite para descansar.

“A festa termina às quatro horas e começa a bagunça de motos, carros e muitas brigas. Eu tenho vários vídeos de briga gravados no meu celular, até ajudei um rapaz que saiu daí com o pescoço rasgado por uma garrafa quebrada. Até morte aconteceu nesse lugar! E tudo acontece no meu portão. Já fui ameaçada e coagida grávida de oito meses, dentro de casa”, relata a moradora enquanto mostra a galeria cheia de registros de pós-festa.

Nas redes sociais da casa noturna há imagens do que acontece, já ao amanhecer. São pessoas deitadas nas calçadas, jovens de pegação pelos portões vizinhos e meninas completamente alcoolizadas.

“Quando eu comecei o processo contra eles até que deu uma melhorada na questão da limpeza na minha calçada. O som a gente acaba se adaptando, mas o grande problema são as motos barulhentas e brigas frequentes. Tem um ponto de ônibus bem na frente, com gente que sai para trabalhar enquanto eles bagunçam”, completa a denunciante.

Vídeo enviado ao MPMS mostra homem ensanguentado após briga no local (Foto: Osmar Veiga)
Vídeo enviado ao MPMS mostra homem ensanguentado após briga no local (Foto: Osmar Veiga)

O responsável pelo estabelecimento, identificado no processo como Danilo, conversou com a reportagem do Campo Grande News durante a visita ao local. Ele alega que todas as autorizações para o funcionamento estão em dia e que “não tem controle do barulho da moto das outras pessoas; estamos levando uma culpa que não é nossa”.

E as situações constrangedoras não ficam apenas na Rua do Piano. Uma vizinha dos fundos já testemunhou uso de drogas e sexo nos arredores da tabacaria. “Saio bem cedo para o trabalho e vi muita coisa aqui na rua. É todo tipo de drogas e casalzinho fazendo as ‘coisas’ nos cantos. Fora o fedor de urina que deixam”, conta a operadora de caixa, de 43 anos.

A reportagem entrou em contato com a Semadur, mas até o fechamento da reportagem não houve retorno sobre as providências a serem tomadas com relação à tabacaria.

Fachada da tabacaria do Guanandi II (Foto: Osmar Veiga)
Fachada da tabacaria do Guanandi II (Foto: Osmar Veiga)

Morte - Em setembro de 2023, Luiz Henrique Rodrigues, de 30 anos, morreu numa casa na Rua Guaruva, no Guanandi II. O jovem foi assassinado após se envolver em briga, na tabacaria, próximo ao local onde ele foi assassinado. Uma travesti identificada como Thays, de 18 anos, chegou a ser presa por envolvimento, mas foi liberada em audiência de custódia.

Na ocasião, vizinhos reclamaram que o estabelecimento é palco constante de confusões. “Aqui é travesti batendo nos outros, gente estalando moto na frente da nossa casa, vomitando e fazendo xixi nas nossas calçadas. Não sei quem é o infeliz que deu alvará para colocar um estabelecimento desse numa área residencial. Aqui ninguém dorme mais”, reclamou outra moradora.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Nos siga no Google Notícias