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Cidades

Som, pegação na rua e brigas: balada no Guanandi vira inquérito no MPMS

Vizinhos dizem que os transtornos são de quarta a domingo, até o amanhecer

Por Kamila Alcântara | 25/07/2024 17:20
Lounge Bar localizado na Avenida do Piano, no Guanandi II (Foto: Osmar Veiga)
Lounge Bar localizado na Avenida do Piano, no Guanandi II (Foto: Osmar Veiga)

A 42ª Promotoria de Justiça de Campo Grande acaba de instaurar procedimento administrativo para que a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) de Campo Grande tome providências com relação a regularização de uma tabacaria, localizada na Rua do Piano, no Bairro Guanandi 2. O edital de resolução do caso foi postado no Diário Oficial do Ministério Público desta quinta-feira (25) e veio após denúncias dos vizinhos, que não aguentavam mais os episódios de baderna.

O processo foi aberto em março, após a vizinha registrar um boletim de ocorrência por perturbação de sossego. A fiscalização da Semadur esteve no local quase três meses depois e constatou que o som era ouvido por toda a rua, mesmo com as portas fechadas. Além disso, só possuía alvará para funcionamento de bar, tabacaria e comércio de bebidas.

"A atividade operante no momento da vistoria era de casa de festa e eventos, com execução de música ao vivo, cobrança de ingresso para entrada e venda de bebidas. Não foi apresentada a licença ambiental para esta atividade", diz o documento de fiscalização, registrado na madrugada do dia 9 de junho.

Já em julho, um ofício pede a paralisação imediata das atividades por ser "potencialmente poluidora e sem licença ambiental". A partir do último dia 23, os proprietários da tabacaria têm um mês para apresentar a licença necessária de funcionamento, mas o local abriu as portas normalmente nesta quarta-feira (24).


“Meu sossego acabou há 3 anos” - A vizinha que moveu a ação contra o estabelecimento conversou com o Campo Grande News, mas o seu nome será preservado. Segundo ela, o problema começou quando decidiram alugar o salão em um bairro totalmente residencial, com pessoas que saem cedo para trabalhar e voltam à noite para descansar.

“A festa termina às quatro horas e começa a bagunça de motos, carros e muitas brigas. Eu tenho vários vídeos de briga gravados no meu celular, até ajudei um rapaz que saiu daí com o pescoço rasgado por uma garrafa quebrada. Até morte aconteceu nesse lugar! E tudo acontece no meu portão. Já fui ameaçada e coagida grávida de oito meses, dentro de casa”, relata a moradora enquanto mostra a galeria cheia de registros de pós-festa.

Nas redes sociais da casa noturna há imagens do que acontece, já ao amanhecer. São pessoas deitadas nas calçadas, jovens de pegação pelos portões vizinhos e meninas completamente alcoolizadas.

“Quando eu comecei o processo contra eles até que deu uma melhorada na questão da limpeza na minha calçada. O som a gente acaba se adaptando, mas o grande problema são as motos barulhentas e brigas frequentes. Tem um ponto de ônibus bem na frente, com gente que sai para trabalhar enquanto eles bagunçam”, completa a denunciante.

Vídeo enviado ao MPMS mostra homem ensanguentado após briga no local (Foto: Osmar Veiga)
Vídeo enviado ao MPMS mostra homem ensanguentado após briga no local (Foto: Osmar Veiga)

O responsável pelo estabelecimento, identificado no processo como Danilo, conversou com a reportagem do Campo Grande News durante a visita ao local. Ele alega que todas as autorizações para o funcionamento estão em dia e que “não tem controle do barulho da moto das outras pessoas; estamos levando uma culpa que não é nossa”.

E as situações constrangedoras não ficam apenas na Rua do Piano. Uma vizinha dos fundos já testemunhou uso de drogas e sexo nos arredores da tabacaria. “Saio bem cedo para o trabalho e vi muita coisa aqui na rua. É todo tipo de drogas e casalzinho fazendo as ‘coisas’ nos cantos. Fora o fedor de urina que deixam”, conta a operadora de caixa, de 43 anos.

A reportagem entrou em contato com a Semadur, mas até o fechamento da reportagem não houve retorno sobre as providências a serem tomadas com relação à tabacaria.

Fachada da tabacaria do Guanandi II (Foto: Osmar Veiga)
Fachada da tabacaria do Guanandi II (Foto: Osmar Veiga)

Morte - Em setembro de 2023, Luiz Henrique Rodrigues, de 30 anos, morreu numa casa na Rua Guaruva, no Guanandi II. O jovem foi assassinado após se envolver em briga, na tabacaria, próximo ao local onde ele foi assassinado. Uma travesti identificada como Thays, de 18 anos, chegou a ser presa por envolvimento, mas foi liberada em audiência de custódia.

Na ocasião, vizinhos reclamaram que o estabelecimento é palco constante de confusões. “Aqui é travesti batendo nos outros, gente estalando moto na frente da nossa casa, vomitando e fazendo xixi nas nossas calçadas. Não sei quem é o infeliz que deu alvará para colocar um estabelecimento desse numa área residencial. Aqui ninguém dorme mais”, reclamou outra moradora.

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