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Cidades

Testes, passaporte e fim de aglomerações são saídas contra flurona, diz médico

Para o médico Júlio Croda, a adoção dessas medidas evitaria ações restritivas que comprometam a economia

Lucia Morel | 07/01/2022 15:59
Teste RT-PCR de antígeno sendo aplicado em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)
Teste RT-PCR de antígeno sendo aplicado em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)

Para o momento de risco de infecção cruzada de covid-19 e gripe, duas doenças contra as quais há vacina, orientação de especialista é exigir comprovante de vacinação para eventos e atividades em geral, proibir aglomerações que juntem 200 pessoas ou mais e ainda, ampliar e muito, a oferta de testes.

Para o médico infectologista Júlio Croda, pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), a adoção dessas medidas evitaria ações restritivas que comprometam a economia, como o toque de recolher e também preservaria os serviços de saúde da superlotação.

“Estamos no meio de duas epidemias – da Ômicron e da H3N2 – que estão circulando em todo Brasil e em Mato Grosso do Sul não é diferente. A ocupação hospitalar mesmo não tem sido um problema, mas é preciso diminuir a intensidade de transmissão desses vírus”.

Ele reforça que “eventos com aglomeração em massa, que junte mais de 200 pessoas, deveriam ser cancelados, como shows, onde é muito difícil manter o uso de máscaras e o distanciamento”, orienta.

Para ele, é preciso rediscutir a adoção de passaporte vacinal, já que a parcela da população que não aceita se vacinar é menor que a já vacinada, e pelos números atuais, nos últimos dois meses, não houve avanço significativo no percentual de cobertura vacinal.

“Não há necessidade impor medidas restritivas que travem a economia já que temos vacina. Tem que ter o passaporte, até para preservar os serviços de saúde e sem impor um toque de recolher, por exemplo”, citou, enfatizando que na adoção de restrições penaliza a maioria da população, que se vacinou. “Adotando o passaporte, é possível ter mais controle sobre a transmissão”, salienta.

Além disso, Croda defende ainda a ampliação de testes RT-PCR com antígeno a toda e qualquer pessoa que deseje realizá-lo, que é o que tem sido aplicado nos países desenvolvidos. “Não há falta de testes. Há falta de disponibilização deles a toda população.”

Atualmente, somente quem apresenta sintomas é testado em Mato Grosso do Sul. “Não estão faltando mais kits. Se não garantir o acesso, a população vai mesmo passar de quatro a seis horas esperando para fazer o teste. Coloca isso em praça pública e testa todo mundo, com ou sem sintomas, quem quiser. Tem que desburocratizar os testes”, afirma.

Leitos e UTIs – na avaliação do infectologista, para algumas populações, é possível haver falta de leitos diante das epidemias. Para ele, com a vacinação, casos graves devem se concentrar nos que não se vacinaram, entre eles, as crianças. “Mato Grosso do Sul tem poucos leitos pediátricos no geral e as crianças são um público que ainda não se vacinou”.

Em relação a leitos para adultos, a quantidade é adequada, há maior oferta de vagas, o que de certa forma garante o atendimento necessário ainda que haja explosão de casos. “A Ômicron parece ter preferência pelo trato superior, ocasionando casos menos graves de covid. Junto com a vacinação elevada, ainda que haja uma explosão de casos entre adultos, eles seriam menos graves”, analisa.

Campo Grande mantém 29 leitos exclusivos para casos graves – UTI – de covid-19 e destes, 25 estão ocupados nesta sexta-feira. Em todo Estado, são 138 vagas intensivas, das quais 24,64% estão ocupadas. Em relação à gripe H3N2, há 19 pessoas internadas na Capital.

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