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Cidades

Todos os dias, Diário da Justiça revela pelo menos 7 casos chocantes de estupro

Em Mato Grosso do Sul, as movimentações processuais mostram o quanto o crime é bárbaro e frequente

Geisy Garnes | 07/08/2021 09:05
Imagem da campanha Inocência em Perigo, de organização alemã. (Foto: Reprodução)
Imagem da campanha Inocência em Perigo, de organização alemã. (Foto: Reprodução)

Todos os dias crianças, mulheres e homens têm sua dignidade sexual violada. A violência física e psicológica, quando chega a polícia, é investigada e julgada de maneira sigilosa, como uma maneira de respeitar a dor e preservar a intimidade das vítimas. Ainda assim, a justiça brasileira precisa ser registrada e é ali, nas páginas repletas de decisões publicadas diariamente, que conseguimos ter dimensão do horror desses crimes.

Em Mato Grosso do Sul, as movimentações processuais dos mais diversos casos são feitas no Diário de Justiça Eletrônico. Todos os dias, as decisões judiciais publicadas revelam vítimas de estupro em casos bárbaros. Nos últimos cinco dias – de segunda a sexta-feira – foram, em média, 7 processos por crime contra a dignidade sexual registrados.

A semana começou com a publicação de três processos, terça-feira foram oito, no dia seguinte, nove e na quinta-feira, 16 ações publicadas. Hoje, a pesquisa do Diário encontrou 13 processos.

Pelos casos, é possível definir um perfil de vítimas: meninas com menos de 13 anos. Mas também encontramos mulheres adultas e meninos, também menores de idade. Também é fácil apontar os autores. São em sua maioria homens, pessoas próximas as vítimas, como pais, padrastos, tios, primos, companheiros, ou figuras que apresentem autoridade sobre a vítima.

As vítimas são violentadas, ameaçadas e subjugadas. Por medo, se calam, até que a dor não caiba mais no silêncio. Entre os casos mais cruéis, também se identifica um comportamento frequente entre a família das vítimas, a omissão. Seja pela mãe ou avó, é comum os relatos de abuso serem ignorados.

Marcas reproduzidas no corpo são usadas para falar de todos os tipos de violência. (Foto: Reprodução)
Marcas reproduzidas no corpo são usadas para falar de todos os tipos de violência. (Foto: Reprodução)

O horror no silêncio – É o medo que está presente nos anos de silêncio retratado nos crimes no Diário de hoje.

Por seis anos, a menina de apenas 10 anos foi abusada pelo tio em Coronel Sapucaia. Os dias na casa do parente, que deveriam ser de diversão com a prima, se transformaram em sofrimento desde os 5 anos. Ela foi abusada e fotografada nua por diversas vezes – de 2015 até maio de 2021.

Nunca teve coragem de contar a família por medo de ser morta, porque sabia que o tio guardava uma arma em casa e por amor a prima, temia que ela sofresse o mesmo e escolheu, mesmo tão nova, suportar sozinha.

Anos depois, enquanto assistia televisão com o pai, ouviu ele comentar sobre a morte do menino Henry, no Rio de Janeiro, da falta de diálogo entre pai e filho e como o crime poderia ser evitado.

A menina chorou. Se viu na imagem da criança espancada pelo padrasto e pela primeira vez, falou que o tio fazia o mesmo com ela. O pai ouviu a menina e chamou a polícia. O suspeito foi preso e espera as audiências do caso na cadeia, enquanto a defesa tenta sua liberdade.

Na cidade de Rio Brilhante, a menina de 13 anos foi abusada pelo cunhado. O crime aconteceu pela primeira vez em 2009, quando a vítima pegou carona com o autor para ir em um show. Com a desculpa de que precisava passar em casa antes da festa.

Aproveitou a situação para insistir que a vítima ficasse com ele. Ela negou, mas foi agarrada e estuprada. Meses depois, o suspeito voltou a se encontrar com a cunhada e com ameaças, a forçou a manter relações com ele novamente.

Os estupros continuaram de maneira frequente até 2011. Só dois anos depois, a jovem conseguiu contar para a irmã o que viveu e juntas, denunciaram o caso à polícia. Pelo crime, o homem de 42 anos foi condenado a seis anos de prisão.

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