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Cidades

Trio irá a júri após morte a tiro, faca e fogo por dívida de 100 gramas de droga

Denúncia diz que casal "Arlequina" e "Nenê" ordenou morte e recebeu ajuda de gerente de boca de fumo

Silvia Frias | 06/10/2022 10:13
Local onde corpo foi queimado e enterrado, no Jardim Colibri. (Foto/Reprodução)
Local onde corpo foi queimado e enterrado, no Jardim Colibri. (Foto/Reprodução)

A Justiça em Campo Grande decidiu que Carina Barbosa dos Santos, 31 anos, Rafael Almeida Freitas, 33 anos, e Flávio da Silva Siqueira, serão levados a júri popular pela morte de Ricardo Ventura Barbosa. Em 2020, o homem foi assassinado a tiros, esfaqueado, teve o corpo queimado e enterrado em área de mata, em Campo Grande.

O juiz titular da 2ª Vara do Tribunal do Júri, Aluizio Pereira dos Santos alegou que, esta fase processual, o “juízo é de probabilidade e não de certeza”, por isso, tendo “materialidade e indícios suficientes de autoria, deve ser submetida a julgamento”.

Ricardo ficou desaparecido por 10 dias até que indicaram local onde corpo estava. (Foto/Arquivo)
Ricardo ficou desaparecido por 10 dias até que indicaram local onde corpo estava. (Foto/Arquivo)

O despacho assinado no dia 26 de setembro foi publicado na edição de hoje do Diário Oficial e ainda não definiu a data do julgamento. Os três negam qualquer participação no crime.

Caso – O crime aconteceu por volta das 14h do dia 30 de julho de 2020, na rua Michel Calarge no Jardim Colibri.

Segundo a denúncia, Carina Santos, conhecida como “Arlequina” ou “Tumy”, e Rafael Freitas, “o Nenê”, formavam casal responsável pelo tráfico de drogas na região do Colibri e teriam ordenado e participado da morte de Ricardo Barbosa, pelo sumiço de 100 gramas de pasta base de cocaína. Eles fariam parte do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Para isso, contaram com a ajuda do gerente da boca de fumo, o “Flavinho”. Na denúncia, consta que ele esfaqueou a vítima, enquanto Carina teria atirado no tórax de Ventura e, por fim, os três queimaram o corpo e o enterraram.

Da esquerda para direta: Rafael e Carina seriam donos da boca de fumo e, Flávio, gerente. (Foto/Arquivo)
Da esquerda para direta: Rafael e Carina seriam donos da boca de fumo e, Flávio, gerente. (Foto/Arquivo)

Investigação - Barbosa ficou desaparecido por cerca de 10 dias até que Luiz Ricardo dos Santos se apresentou na DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio) dizendo ter matado o homem. Na confissão, ocorrida no dia 10 de agosto daquele ano, ele indicou onde o corpo foi queimado e enterrado. Na versão dele, disse que matou pois estava sendo ameaçado.

No decorrer das investigações, a Polícia Civil recebeu informações que o crime teria outra motivação e autores: o casal “Arlqueina” e “Nenê”, com auxílio do gerente da boca, “Flavinho”.

Flávio usava inscrição "1533", alusiva ao PCC. (Foto/Reprodução)
Flávio usava inscrição "1533", alusiva ao PCC. (Foto/Reprodução)

Com a prisão do casal durante outra investigação, por tráfico de drogas, os informantes se sentiram mais seguros para falar. A vítima trabalhava na entrega de drogas e, poucos dias antes de sumir, havia sido incumbido de levar 100 gramas de pasta base para outro traficante, porém, desapareceu com a encomenda e com a moto utilizada no serviço, sem prestar contas.

Testemunhas ouvidas na DEH relataram terem visto “Flavinho” no local do crime e que ele até pediu ajuda para retirar o corpo da casa. Em relação a “Arlequina” e “Nenê”, diziam que era o que ficaram sabendo.

No relatório final de investigações, do dia 20 de setembro de 2021, consta que, embora uma das linhas de investigação era de envolvimento do casal, auxiliando e instigando Flavinho a matar a vítima e, no caso de Carina, pagando advogado para o homem que confessou o crime, a Polícia Civil não encontrou fundamentos para indiciamentos no homicídio, mantendo a imputação por coação no curso do processo.

Sobre adolescente que teria auxiliado “Flavinho”, hoje, maior de idade, foi encaminhado à Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude).

Porém, o MPMS optou por oferecer denúncia contra o casal e "Flavinho" por homicídio qualificado por motivação torpe e sem chance de defesa da vítima.

Corpo foi encontrado no dia 10 de agosto de 2020, no bairro onde vítima morava. (Foto/Arquivo: Marcos Maluf)
Corpo foi encontrado no dia 10 de agosto de 2020, no bairro onde vítima morava. (Foto/Arquivo: Marcos Maluf)

No processo, foram ouvidas 13 testemunhas e, em alguns relatos, apontaram que Ventura foi visto apenas por amigos e estava com muito dinheiro, o que “causou certa ira no casal”, conhecido pela violência e acostumados a espancar usuários que não quitam suas dívidas. “Arlequina” e “Nenê” teriam tomado a decisão de matar Ventura.

A defesa de “Arlequina” e “Nenê” se baseia neste trecho do relatório na fase policial para derrubar a denúncia ofertada pelo MPMS, e alega que eles não têm qualquer participação no crime, sendo atribuído na base do “ouvi dizer”. A Defensoria Pública, que representa “Flavinho”, não se opôs à pronúncia, dizendo que irá apresentar argumentos durante julgamento. Na fase de inquérito, ele negou participação.

“Flavinho” está preso na sede da DEH pelo homicídio de Ventura e “Nenê” no IPCG (Instituto Penal de Campo Grande) por flagrante de tráfico de drogas. Carina, ou “Arlequina”, responde em liberdade.

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