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Cidades

Vacina contra dengue não estará disponível para toda a população de MS

Infectologista afirma que tecnologias existentes não serão suficientes para combater doença neste verão

Por Gabriela Couto | 12/11/2023 11:49
Embalagem da vacina contra a dengue desenvolvida pela Takeda Farmacêutica, protege contra os quatro sorotipos do vírus e está disponível na rede privada (Foto: Pfarma)
Embalagem da vacina contra a dengue desenvolvida pela Takeda Farmacêutica, protege contra os quatro sorotipos do vírus e está disponível na rede privada (Foto: Pfarma)

O médico infectologista Julio Croda é categórico ao dizer que as medidas existentes para o controle do mosquito Aedes aegypti são ineficazes. Conforme o último boletim divulgado pela SES (Secretaria de Estado de Saúde), no dia 8 de novembro, desde o início do ano 39.997 pessoas tiveram dengue.

Destes, 40 pessoas morreram e outras cinco estão em investigação para confirmação da doença como causa. A irmã do ex-deputado estadual Renan Contar, o Capitão Contar (PRTB), de apenas 37 anos, morreu por complicações de dengue.

“Ano após anos, nós não conseguimos reduzir o número de casos da doença. Porque não temos medidas eficazes. O inseticida é uma medida extremamente ineficaz e a eliminação de foco domiciliar carece do apoio da população, o que não acontece”, alega o médico.

Ele explica que é necessário que a eliminação dos focos ocorra semanalmente, já que o ciclo da lava do mosquito é de 7 a 10 dias. Por isso, toda semana focos devem ser verificados e eliminados todo o domicílio e terreno baldio. “Isso, do ponto visto prático da saúde pública, se mostrou ineficaz, porque a gente não conseguiu atingir esse controle adequado ano a ano”, lamentou.

Croda afirma que no momento não existe uma intervenção específica que consiga reduzir a doença, que não seja a colaboração da população. “Atribuir apenas essa atividade para o controle da doença é ineficaz e os dados mostram isso”, completou.

O método Wolbachia consiste na liberação de mosquitos Aedes aegypti juntamente com a bactéria Wolbachia (Foto: Peter Ilicciev)
O método Wolbachia consiste na liberação de mosquitos Aedes aegypti juntamente com a bactéria Wolbachia (Foto: Peter Ilicciev)

De acordo com o especialista, Mato Grosso do Sul está bastante atento com as novas tecnologias. A previsão é que até final de dezembro, novos mosquitos com a bactéria wolbachia sejam liberados em toda a Capital. A medida impede que os vírus da dengue, zika e chikungunya se desenvolvam no vetor. A ideia é reduzir o número de casos, hospitalização e óbito pelas doenças.

Também foi aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a vacina QDenga, que não precisa de comprovação de infecção prévia.

Diferente da anterior, que só quem tinha a doença poderia tomar uma dose, e completar o esquema vacinal, a nova vacina está disponível nas clínicas particulares, podendo ser ministrada a todos de 4 a 60 anos. O imunizante custa entre R$ 856 e R$ 1,2 mil na Capital.

“O governo federal está aguardando a aprovação da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde) para a incorporação dessa vacina.  Mas é importante entender que nem wolbachia, nem a vacina, serão suficientes para preparação desse verão atual. Essas tecnologias não estarão disponíveis para toda a população de MS”, alerta.

Na visão do infectologista é necessário haver uma preparação de combate ao mosquito, eliminando focos e garantindo uma assistência adequada para a população durante o período de aumento no número de casos.

“Importante treinar os profissionais de saúde para reconhecer os sinais de alerta. Elaborar planos de contingencia para aumentar os locais de hidratação e a regulação adequada desse paciente suspeito de dengue para que ele possa ser internado e hidratado de maneira adequada nos diferentes hospitais e locais de pronto atendimento”, concluiu.

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