ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, TERÇA  05    CAMPO GRANDE 23º

Campo Grande 116 Anos

Problemas e vantagens de quem mora em um bairro dividido por 2 cidades

Ricardo Campos Jr. | 03/08/2015 08:00
Problemas e vantagens de quem mora em um bairro dividido por 2 cidades
Placa na estrada indica limite entre Campo Grande e Terenos em Indubrasil (Foto: Fernando Antunes)
Placa na estrada indica limite entre Campo Grande e Terenos em Indubrasil (Foto: Fernando Antunes)
Estação ferroviária fica bem no meio da divisa (Foto: Fernando Antunes)
Estação ferroviária fica bem no meio da divisa (Foto: Fernando Antunes)

Engana-se quem pensa que Indubrasil fica só em Campo Grande. Localizado em cima da divisa com Terenos, apenas parte do distrito pertence à Capital. A divisão fica evidente por uma placa na estrada, bem em frente à estação ferroviária. Alguns serviços públicos são compartilhados entre os moradores de ambos os lados e outros são restritos, o que acaba criando uma espécie de muro invisível.

O vendedor autônomo Robson do Nascimento, 33 anos, mora a poucos metros da UBS (Unidade Básica de Saúde) administrada por Campo Grande, mas não pode utilizá-la porque a casa dele fica na porção do vilarejo correspondente ao município vizinho.

“Fica complicado. Nós moramos perto do posto, mas não podemos ser atendidos aqui quando é consulta marcada por conta do endereço, a não ser quando é alguma urgência mesmo”, explica o trabalhador.

O consolo, segundo ele, é que a unidade de Terenos é mais vazia e o atendimento é mais rápido. Na opinião do morador, falta infraestrutura no distrito. Para ele, o ideal seria não precisar sair do local todas as vezes que precisasse de algum tipo de serviço. O vilarejo, por exemplo, não tem sequer caixa eletrônico. "Nós nos sentimos muito abandonados aqui".

Nilson dos Reis Pereira, 56 anos, é dono de um comércio no lado de Indubrasil correspondente a Campo Grande e mora no lado de Terenos. Ele não se espanta com a situação. “Para mim, não dá nada, pois eu sou de Ponta Porã, onde eu vivia no Brasil e tinha uma loja no Paraguai”, afirma.

Ele prefere mil vezes resolver os problemas em Terenos, onde não há correria e filas em bancos e órgãos públicos, por exemplo, do que seguir para a Capital. Segundo ele, a atitude é repetida por vários vizinhos.

O eletricista Renilson Vieira dos Santos, 50 anos, mora em Terenos, mas aponta que as melhores oportunidades de serviço estão do outro lado do distrito em função do pólo industrial. “A coleta de lixo e o transporte público são feitos por Campo Grande”, comenta sobre os serviços compartilhados.

Já o sistema de abastecimento é diferente, visto que na Capital está sob concessão para a Águas Guariroba e em Terenos para a Sanesul.

Artesão mora em Terenos e trabalha em Campo Grande (Foto: Fernando Augusto)
Artesão mora em Terenos e trabalha em Campo Grande (Foto: Fernando Augusto)
Vendedor mora a poucos metros de unidade de saúde, mas não pode utilizá-la (Foto: Fernando Antunes)
Vendedor mora a poucos metros de unidade de saúde, mas não pode utilizá-la (Foto: Fernando Antunes)

Décadas atrás – A historiadora Leoneida Ferreira, coordenadora da Arca (Arquivo Histórico de Campo Grande), explica que a área correspondente a Indubrasil surgiu a partir do loteamento de fazendas.

Um dos pioneiros nesse processo foi o produtor rural Antônio Nogueira, que em 1942 decidiu repartir a propriedade entre os cinco filhos, doando uma porção ao município de Campo Grande para que fosse loteada.

Nessa época, segundo relata a filha de Nogueira em um texto no livro Personalidades, Terenos era apenas um dos distritos do que viria a ser a Capital de Mato Grosso do Sul. A divisão entre esses dois municípios só ocorreu em 1953, quando o limite territorial acabou separando o vilarejo em dois.

Segundo Leoneida, o distrito foi criado com o nome de Vila Entroncamento, mas popularmente era conhecido como Indubrasil em razão dos países de origem do gado criado na região, sendo o indiano Guzerá e o brasileiro Zebu. Ocorre que a primeira denominação “não pegou”, segundo a historiadora.

Nos siga no Google Notícias