Sabores de outros estados e países que formam a nossa culinária
A vinda de pessoas de outros estados ou até mesmo de outros países para a Capital fez com que a cidade recebesse diversas influências culinárias e alguns pratos já caíram no gosto dos campo-grandenses. E vice-versa, comidas e bebidas típicas de nossa região já foram levadas ao conhecimento do país a fora. Essa troca de sabores é mesmo de “dar água na boca”.
Começando pelo famoso churrasco trazido por gaúchos vindos da região Sul, que escolheram nossa cidade para morar. Preparado de forma mais simples, nos fundos dos quintais, em dias de domingo, o prato se tornou tradicional há alguns anos e ganhou espaço em grandes estabelecimentos.
Apenas uma rede de churrascarias na Capital funciona há 28 anos com quatro unidades. O gerente da Zitão, Marcelo Campanha, 36 anos, contou como tudo começou. “No começo era apenas uma churrascaria na BR-163 próximo aos postos de combustíveis. Mas, o negócio deu tão certo por conta da grande procura que tivemos que ampliar”, explicou.
A churrascaria recebe excursão de turistas todos os meses. Eles são abordados no Aeroporto Internacional de Campo Grande por taxistas e levados aos locais. Com apenas um detalhe, a visita precisa ser agendada com antecedência. “Temos 80 tipos de pratos com churrasco, saladas, massas, peixes e sobremesas. O rodízio é um chamariz. A pessoa pode comer a vontade, com valor em conta e qualidade no serviço prestado”, destacou Marcelo.
Um grupo de quatro amigos sempre se reúne em uma das churrascarias nas sexta-feiras. Por lá eles esquecem do tempo, chegam 11h, comem churrasco, tomam cerveja e só vão embora por volta das 16h. “Já viajei bastante e lá fora ninguém come churrasco como a gente. E pra aqueles que acham que engorda, eu vou logo avisando, não engorda, o que engorda é o olho”, brincou Judival Filho, 46, um dos amigos.
E a influência de culturas não param por aí. Na mesma churrascaria, o comerciante Daniel Vicari, 40, descobriu outros pratos que vieram para somar com a gastronomia da cidade. “Já vi feijão tropeiro, feijoada com torresmo que são pratos mineiros e já vi buchada que veio do Nordeste, ou seja, é uma mistura de sabores que deu certo e casou bem”, apontou.
A influência de pessoas de fora que vieram morar em Campo Grande é grande e atravessa fronteiras. Por exemplo, a venda de chipa, salgado de queijo vindo do Paraguai, aumentou e muito no últimos tempos na cidade. Na Avenida Marques de Pombal um estabelecimento vende chipa a R$ 1 e o lugar é sempre lotado de fregueses.
“Compro todos os dias porque ela sai do forno quentinha. Já fui para outros estados e nunca achei chipa igual a essa. Tem gente que compra e leva, ou seja, a praticidade ajuda muito. Café da manhã é sempre aqui”, afirmou a enfermeira Arcilene Vargas, 42.
A cultura de japoneses ou descendentes, que chegaram à cidade há mais de 100 anos, também está presente na culinária campo-grandense. Por onde é que você passa pelo Centro da cidade irá encontrar restaurantes especializados em Sushi. É “febre” e virou um programa da população no período noturno.
Não podemos esquecer que esta mesma influência japonesa ajudou a cidade a ter uma iguaria tradicional e única: o famoso sobá, que já ganhou até festival na Feira Central da cidade, onde atrai cerca de 40 mil visitantes durante os quatro dias de evento. Entre eles, turistas e a própria população local.
“A procura de turistas para conhecer o sabor do prato é grande tanto em dias de festa como nos dias normais. Os ingredientes são: macarrão, omelete fatiada, cebolinha, e a pessoa pode optar por carne bovina ou suína, frango ou dobradinha”, salientou a gerente de uma banca de Sobá na feira, Guiomar Tieko Sakate, 49.
Terminar sem falar do tereré é quase um “pecado” para muitos por ser a principail bebida típica de Mato Grosso do Sul. Quem vem de fora e conhece a bebida acaba levando-a para fora e tendo o hábito de ingeri-lá quase todos os dias. É o que conta o empresário Osvaldo de Oliveira Júnior, 28.
“O tereré une as pessoas. É comum ver isso em rodas de amigos. Meus amigos do Pará, por exemplo, vieram para cá e no começo não gostaram do sabor amargo, mas logo depois aderiram ao uso”, comentou Osvaldo que tomava a bebida na Avenida Afonso Pena, principal da cidade, em um guampa comprada há mais de 20 anos.
A procura é tão grande que o comerciante Gabriel Antoniazzi, 23, montou um banca especializada em tereré, há seis anos na Feiral Central. Lá ele vende todos os sabores de erva, bombas, guampas, cuias, entre outros produtos.
“O turista vem e nós preparamos a bebida na hora para ele experimentar. Sai bastante porque é digestivo, fonte de energia por conter caféina e, é claro, tradição da cidade. Tive a ideia quando procurava pela feira e não achava para comprar”, afirmou Gabriel.
Também tem gente que prefere misturar as culturas, e além de tomar o tereré, faz o uso do narguile, cachimbo de água utilizado para fumar tabaco. O hábito foi trazido por arábes e descendentes que moram na Capital. “Nos reunimos quase todos os dias para conversar e se distrair. O que não pode faltar é tereré e narguile”, disse o estudante Guilherme Serra, 18.
O sucesso dessa união é tão grande que em algumas festas da cidade é liberada a entrada do tereré e narguile. Quem vir à Campo Grande certamente vai sentir o "sabor" de que está em vários lugares ao mesmo tempo, sem precisar sair do lugar.