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Cidades

"Máfia do Câncer" superfaturou terreno em R$ 2,1 milhões, conclui MPF

Edivaldo Bitencourt | 07/06/2014 09:48
Terreno onde está sendo construído novo hospital foi superavaliado (Foto: Cleber Gellio)
Terreno onde está sendo construído novo hospital foi superavaliado (Foto: Cleber Gellio)

Investigações do MPF (Ministério Público Federal) revelam que houve superfaturamento de R$ 2,1 milhões na compra do imóvel para ampliar o Hospital do Câncer Alfredo Abrão, em Campo Grande. O esquema teria sido comandado pelo médico Adalberto Abrão Siufi, que integrava a “Máfia do Câncer” com mais três pessoas.

A revelação consta da ação do MPF e do MPE (Ministério Público Estadual) que pediu o bloqueio e indisponibilidade de R$ 102, 7 milhões dos integrantes da “Máfia do Câncer”. No dia 30 deste mês, o juiz da 1ª Vara da Justiça Federal na Capital, Ricardo Damasceno de Almeida, decretou a indisponibilidade de R$ 51,3 milhões de Siufi, da sua filha e ex-administradora do hospital, Betina Moraes Siufi Hilgert, do sócio na Neorad, Issamir Farias Saffar, e do presidente da Fundação Carmem Prudente na época, Blener Zan.

Para ampliar o hospital, foram gastos R$ 9,2 milhões na compra de dois terrenos na esquina da Avenida Ernesto Geisel com a Rua Marechal Cândido Mariano Rondon, no Centro. De acordo com a sentença do juiz, não houve laudo de avaliação do imóvel.

A pedido do MPF, a nova diretoria, sob o comando de Carlos Coimbra, pediu a realização de vistoria para estimar o custo dos imóveis. A Câmara de Valores Imobiliários elaborou o laudo de avaliação e concluiu que os dois terrenos valiam R$ 7,1 milhões em 2010. Ou seja, houve um superfaturamento de R$ 2,1 milhões.

“O documento apresentado pela atual administração apresenta uma informação totalmente diferente do valor registrado contabilmente pela entidade”, destaca o magistrado na concessão de liminar.

A construção do novo hospital causou polêmica quando houve a doação de R$ 23 milhões pelo empresário Antônio Moraes dos Santos. Na época, os donos do hospital não aceitaram as exigências e a doação foi suspensa.

Santos decidiu apoiar a construção de uma unidade do Hospital do Câncer de Barretos, que teve investimento de R$ 12 milhões e foi concluída no Conjunto Aero Rancho. O Hospital do Câncer Alfredo Abrão manteve a ampliação, mas recorreu a ajuda de emendas dos deputados e senadores e do poder público. A obra deverá ser concluída em 2015.

Outras denúncias – Siufi e os demais integrantes da “Máfia do Câncer” foram alvo da Operação Sangue Frio, da Polícia Federal, em março do ano passado. Eles são acusados de enriquecimento ilícito, superfaturamento no pagamento de serviços e salários com dinheiro do SUS (Sistema Único de Saúde), cobrança de exames feitos em pessoas que já morreram; direcionamento nas licitações para beneficiar os membros da entidade, entre outras irregularidades.

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