Após calote, fornecedores suspendem entrega e Santa Casa cancela cirurgias
O atraso no pagamento de fornecedores da Santa Casa de Campo Grande deve prejudicar o atendimento a população nas próximas semanas. Empresas que deveriam ter recebido valores no início de setembro, já suspenderam o fornecimento ao hospital. A direção da Santa Casa, alega, por sua vez, que depende de repasses da Prefeitura, e que possui R$ 12.754.048,24 a receber do poder público. Em decorrência do calote, cirurgias estão sendo suspensas por falta de produtos.
O empresário Leonardo Henrique, 30 anos, fornece material médico e equipamentos para o hospital. Ele deveria receber R$ 100 mil da Santa Casa, no início do mês, mas até o momento nada. Ele já suspendeu o fornecimento, pois não tem condições de continuar com as entregas. "Tenho um custo para fazer entregas. Sei que não é culpa do hospital, pois se trata de uma questão política", pontuou o fornecedor.
A administradora Rosemari Ribeiro,48, está na mesma situação. Ele fornece material de higiene, limpeza e executa os trabalhos da lavanderia há dez anos. "Também estou sem receber o valor no início do mês de setembro", reclamou a empresária que tem R$ 70 mil a receber. Ribeiro diz que sua última entrega foi na segunda quinzena de agosto, e que logo o estoque vai acabar. Ela acredita que não é culpa do hospital, mas está na iminência de suspender os trabalhos. "Vou ter de interromper, pois aqui é somente uma distribuidora", concluiu.
O diretor-presidente da Santa Casa Wilson Teslenco admitiu, na tarde de hoje (22), que problemas no pagamento aos fornecedores ocorrem desde maio, no entanto culpa a falta de comprometimento do poder público, que não executa os repasses devidos ao hospital. "Eles dizem que estão buscando recursos, mas até agora nada. Estamos sem contrato com a Prefeitura. Precisamos regularizar essa situação. Com os fornecedores protestando títulos, os estoques não estão sendo repostos", relatou o administrador.
Em relação ao serviço prestado ao público, Teslenco deu como certo o prejuízo no atendimento."Por falta de próteses, algumas cirurgias eletivas tem de ser adiadas, em casos como esse. Somos obrigados também a comprar medicamento no varejo, e isso encarece mais as coisas", revelou o diretor-presidente.
Ainda segundo a administração da Santa Casa, as poucas empresas que fornecem próteses tem valores consideráveis a receber. Destacou que o hospital é referência em trauma, e com a falta de próteses, as cirurgias serão prejudicadas.
O Campo Grande News entrou em contato com as assessorias do secretário Municipal de Saúde Ivandro Fonseca e do prefeito Alcides Bernal, mas as ligações não foram atendidas.