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Cidades

Bando de Major Carvalho fraudou herança milionária

Redação | 24/11/2010 08:06

A Operação Vitruviano, que a Polícia Federal desenvolveu nesta madrugada em Mato Grosso do Sul, foi para desmantelar quadrilha chefiada por um personagem bastante conhecido no Estado, o ex-major da Polícia Militar Sérgio Roberto de Carvalho, já condenado por tráfico internacional de drogas, e atualmente preso por envolvimento na máfia da jogatina, no Instituto Penal de Campo Grande.

Dessa vez, o Major Carvalho, como ficou conhecido, é acusado de chefiar outra quadrilha, responsável por operações fraudulentas para ficar com a herança de Olympio José Alves, um milionário que vivia em São Paulo e morreu em 2005, deixando sem herdeiros uma fortuna estimada em mais de R$ 100 milhões.

Segundo a Polícia Federal divulgou, a operação envolveu 120 policiais, no cumprimento de 20 mandados de prisão temporária e 12 mandados de busca e apreensão, em Campo Grande, Dourados e Caarapó. O grupo teria movimentado de 2002 a 2006 mais de 110 milhões de reais.

Entre os presos, estão policiais militares e advogados. A prisões dos advogados foram acompanhadas por representantes da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), segundo a PF.

Os nomes não foram divulgados. O maior número de prisões foi em Campo Grande, 13, onde também foram 10 mandados de busca e apreensão. Em Dourados, foram 6 prisões e 2 mandados de busca e apreensão e em Caarapó foi feita uma prisão e uma ação de busca e apreensão.

A apuração - A investigação, conforme a PF, começou em 2008, e evidenciou a utilização de várias empresas de fachada com intensa movimentação financeira de origem injustificada. Os levantamentos policiais indicaram que essas empresas movimentaram, só entre 2002 e 2006, mais de 110 milhões de reais.

Inicialmente, o que se investigava era o crime de lavagem de dinheiro, decorrentes dos crimes de tráfico de drogas, contrabando e evasão de divisas praticados pelo grupo chefiado por Sérgio Roberto de Carvalho.

Durante as apurações foi descoberta uma negociação fraudulenta envolvendo a compra e venda de uma usina de cana-de-açúcar localizada em Juscimeira, no Mato Grosso, e ainda, a simulação de um litígio na Comarca de Anaurilândia, a 367 km de Campo Grande, como forma de fraudar a espólio de Olympio. Nessas operações, a quadrilha conseguiu se apossar de 3,9 milhões de reais em julho de 2007. O dinheiro foi pulverizado entre várias pessoas para dificultar o rastreamento pelos investigadores.

O litígio em Anaurilândia envolvia Olympio, apesar de já falecido. O processo correu à revelia do inventário em trâmite sigiloso na 2ª Vara de Família e Sucessões da Comarca de São Paulo/SP.

A PF considera que, com essa operação, encerra as investigações que "desvendaram a organização criminosa liderada pelo Major Carvalho, no que tange à prática de crimes de lavagem de dinheiro, identificando os componentes como responsáveis pelo golpe à herança milionária feito com a utilização indevida do Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul".

Os crimes - A Polícia Federal informou que tem 17 inquéritos instaurados para apurar crimes cometidos pelo ex-major de diversas naturezas, como lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, contrabando, tráfico de drogas, exploração de jogos de azar, estelionato, entre outros, registrados desde a década de 1980.

O nome da operação foi inspirado em uma teoria do arquiteto romano Marco Vitruvio Polião, que, usando um raciocínio matemático, discorreu sobre as proporções perfeitas do corpo humano.

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