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Cidades

Beira-Mar movimentou R$ 62 milhões de dentro da cadeia, diz Polícia

Fernando da Mata* | 01/12/2011 19:11

Esquema de lavagem de dinheiro do tráfico foi desarticulado na Operação Scriptus, da Polícia Civil do Rio. Empresa de MS integrava quadrilha

Traficante Fernandinho Beira-Mar (Foto: Marcelo Victor/Arquivo)
Traficante Fernandinho Beira-Mar (Foto: Marcelo Victor/Arquivo)

R$ 62 milhões obtidos com o tráfico de drogas. Esse foi o montante movimentado pelo traficante Luiz Fernando da Costa, o ‘Fernandinho Beira-Mar’, de dentro da cadeia no último ano, segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro.

As investigações da Operação Scriptus, deflagrada nesta quinta-feira (1º) em Mato Grosso do Sul e mais quatro estados, apontam que o dinheiro ilegal era ‘lavado’ em cinco empresas, sendo que uma é sediada em Campo Grande. A ação visou desarticular o esquema de lavagem de dinheiro da facção criminosa comandada por Beira-Mar.

De acordo com a Polícia Civil do Rio de Janeiro, o capital era depositado em diversas contas bancárias, em caixas eletrônicos, por pessoas associadas ao grupo criminoso, exercendo o papel de ‘agentes depositantes’.

Operação - Ao todo, 16 mandados de busca a apreensão foram cumpridos nos cinco estados, sendo oito em Campo Grande.

Apesar de terem sido presas 16 pessoas, nenhuma é de Campo Grande, conforme declarou durante a manhã o delegado da Subchefia de Operações da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Fernando Vila Pouca. Todos os presos responderão por tráfico de drogas, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

A ação, desencadeada pelo Núcleo de Combate a Corrupção e Lavagem de Dinheiro (NUCC-LD), contou com cerca de 200 agentes dos cinco estados.

De acordo com o delegado Flávio Porto, coordenador do NUCC-LD, as investigações tiveram início há cerca de um ano, após apreensão de 14 retalhos de papel pautado, com manuscritos do traficante ‘Fernandinho Beira Mar’, encontrados durante a ocupação do Complexo do Alemão, na Penha, Zona Norte do Rio.

A análise do material levou ao traficante e revelou o esquema usado pela quadrilha para adquirir armas e drogas.

Delegado do Rio que comandou operação em Campo Grande (Foto: João Garrigó)
Delegado do Rio que comandou operação em Campo Grande (Foto: João Garrigó)

“O que mais nos chamou atenção foram esses 14 pedaços de papel pautado com manuscritos. Na análise deles conseguimos ver que o conteúdo era expressivo e levava à facção criminosa que até então dominava o tráfico de drogas no Complexo do Alemão. Essa suspeita nos levou a confrontar a grafia dos manuscritos com alguns requerimentos administrativos que levavam ao traficante ‘Fernandinho Beira Mar’. Esse confronto deu positivo”, explicou o delegado.

Ainda segundo o coordenador do Núcleo, as investigações, que tiveram apoio da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) e da Coordenadoria de Inteligência e Informação Policial (CINPOL), apontaram para a existência de uma espécie de “terceiro setor”, integrado por pessoas físicas e jurídicas. Os agentes identificaram então as cinco empresas e o montante movimentado por Beira-Mar.

Ao perceber essa movimentação, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), em parceria com a Polícia Civil, possibilitou o bloqueio e sequestro dos saldos das contas bancárias envolvidas no esquema, por onde circulavam mais de R$ 20 milhões.

Durante as investigações foram identificadas 112 pessoas físicas e 70 pessoas jurídicas. “Já conseguimos a prisão temporária do ‘núcleo duro’ das células e o sequestro do saldo bancário e bloqueio das contas. Estamos atingindo as pessoas que tem uma posição funcional na cadeia do tráfico de drogas, de armas e lavagem de dinheiro, mas as investigações vão continuar para que possamos desarticular essa quadrilha”, disse o coordenador.

(*) Com informações da assessoria de comunicação da Polícia Civil do Rio

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