"Não desejo a morte dele, só justiça", diz filho de morta pelo ex no HR
Mulher recatada, de poucas palavras, tinha vergonha até tirar foto. Apesar da discrição, Vilma Alves de Lima, 57 anos, não teve medo da vida, nem de trabalho. Funcionária do Hospital Regional por dez anos, criou os três filhos sozinha, "do jeito que pôde, do jeito que deu, sempre trabalhando muito", conta um dos filhos. Até que conheceu Wilson de Lima, 69 anos, que a matou "porque não aceitava perder uma mulher tão boa".
"Nós só estamos querendo entender o porque ele fez isso, e não dá. Sei que todo mundo 'vira' bom depois que morre, mas ela era boa mesmo e não estou dizendo isso porque ela era minha mãe, é porque ela só ajudou ele e nunca fez mal a ninguém", reclama o filho de Vilma, Edson Lima, 40 anos.
É Edson que conta a história da mãe, que separou do pai dele quando tinha apenas cinco anos, e criou a ele e mais duas irmãs, sozinha. "Nesse tempo ela teve outros relacionamentos, mas nada tão sério, ai há uns 12 anos ela decidiu voltar para a igreja, foi quando conheceu o Wilson", diz.
Apesar da mãe ter conhecido o homem na igreja, Edson conta que na época, os filhos acharam o pretendente da mãe muito sério, "até meio bruto, mas minha mãe dizia que era o jeito dele e nós também não queríamos interferir no relacionamento dela", explica.
A mulher boa, suportou as brigas e implicâncias do marido por cerca de 10 anos, mas agora não queria mais e nem as tradições e mandamentos da igreja a fizeram desistir da separação. A decisão de Vilma causou surpresa a muitos, já que ela pouco falava sobre o que vivia. Espantados, também ficaram os familiares da vítima com a trágica notícia.
Mas o que era falta de entendimento e indignação ontem, hoje é confiança e espera por justiça. "Num primeiro momento deu aquele nervoso, vontade de vingança, mas hoje conseguimos agir conforme o mandamento de Deus 'amai ao próximo como a ti mesmo'. Ele não agiu assim, mas nem por isso posso desejar sua morte, o que espero é por Justiça, que ele pague pelo que fez", comenta Edson.
Para a polícia, não há dúvidas de que o pedreiro matou a ex-esposa. "Foi feito o auto de prisão em flagrante e o inquérito instaurado. Ele deve sair do hospital e ir direito para um presídio. Várias testemunhas já foram ouvidas sobre o caso”, diz a delegada da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), Rosely Molina, responsável pelo caso.
Wilson continua internado na ala vermelha da Santa Casa de Campo Grande. Segundo o hospital, ele está consciente, orientado, com dreno no tórax e passa por avaliação de uma equipe de cirurgia.