"O que acontece em MS reflete no País", diz chefe da PF ao assumir cargo
“Está na hora do Brasil, cada vez mais, reforçar suas fronteiras”, defende o novo surpreendente da Polícia Federal
Com a missão de “reforçar e agregar” as forças policiais na fronteira, o novo superintendente da PF (Polícia Federal) em Mato Grosso do Sul, o delegado Luciano Flores Lima, assumiu oficialmente o cargo nesta sexta-feira (23). “Está na hora do Brasil, cada vez mais, reforçar suas fronteiras”, afirmou.
Durante o evento de posse, que aconteceu nesta tarde no auditório da Advocacia-Geral da União em Campo Grande, o surpreendente reforçou que o que acontece em Mato Grosso do Sul não atinge apenas quem mora no estado. “Nossa missão em Mato Grosso do Sul é muito grande, não só para a sociedade sul-mato-grossense, mas para todo o Brasil. Tudo o que acontece aqui repercute nos outros estados, tudo o que acontece nos outros estados pode ter raiz aqui”, detalhou.
Segundo Flores, mais de uma reunião entre os surpreendentes que atuam na fronteira já aconteceram para discutir como reforçar e incrementar o efetivo da Polícia Federal, planos e novas técnicas, na fronteira do país.
No depoimento de posse, Flores lembrou da apreensão 889 quilos de cocaína pura na noite desta quinta-feira (22) na BR-262, em Três Lagoas. “Onde cabe 800 quilos de cocaína, cabe muito munição, fuzis e pistolas, que ceifam muitas vidas. Não atendemos só nossos parentes, garantimos a vida em todo o Brasil, principalmente nesses estados que são foco da imprensa e das forças de segurança pública”, detalhou, em referência ao Rio de Janeiro.
Para isso, a intenção é “estreitar os laços” entre as forças policiais no Estado, um discurso defendido também pela Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública). “Com talento individual já ganhamos o jogo, com talento em equipe ganhamos esse campeonato”.
Em 2017, Mato Grosso do Sul foi o Estado mais “produtivo” do país no setor da segurança pública. Só a Polícia Federal apreendeu 115 toneladas de maconha e realizou 101 operações. Segundo o secretário da Sejusp, Antônio Carlos Videira, as policiais estaduais fecharam 2017 com a apreensão de mais de 400 toneladas de drogas.
Durante o evento, Videira afirmou que combater o crime organizado sem “fechar” as fronteiras aumenta os custos das ações. “Investir em Mato Grosso do Sul, nas fronteiras do país com os grandes centros produtores de drogas é uma forma inteligente de se economizar recursos e otimizar resultados”, defendeu.
Combate a corrupção - Responsável por coordenar a rumorosa 24ª fase da operação Lava Jato, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi levado coercitivamente à sede da Polícia Federal, Flores afirma que o combate à corrupção segue entre as prioridades em Mato Grosso do Sul.
Em entrevista, o surpreendente citou que grandes operações, como a Lama Asfáltica - que investiga corrupção na administração do ex-governador André Puccinelli (MDB) desde 2015 - “caminham por si só” e não dependem de um gestor, mas sem de provas, decisões judiciais e das equipes de investigação.
“O que posso garantir é que a equipe de investigação da Lama Asfáltica tem prioridade sim. Naquilo que é necessário não só para investigar os crime que já foram revelados, como também outras eventuais investigações, nelas conexas ou não”, reforçou.
“Acho que é um dever de todos nós tentar impedir essa sangria de dinheiro público, que deveria estar sendo empregado a nossa educação, na nossa saúde, no prato de alimento escolar que muitas crianças dependem. Enfim, somos um país muito carente e o desvio de dinheiro público é um crime hediondo nesse sentido”, concluiu.