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Capital

“Teatro patético”, diz promotor após Nando chorar e se estapear

O réu se exaltou por várias vezes, até ser retirado do plenário. Numa das salas do Fórum, Nando bateu a cabeça na parede

Viviane Oliveira e Clayton Neves | 23/08/2019 11:52
Promotor de Justiça Douglas Oldegardo durante julgamento nesta manhã (Foto: Henrique Kawaminami)
Promotor de Justiça Douglas Oldegardo durante julgamento nesta manhã (Foto: Henrique Kawaminami)

O promotor de Justiça Douglas Oldegardo classificou como “teatro patético” o episódio em que Luiz Alves Martins Filho, 54 anos, o Nando, começa a chorar, puxar os cabelos e dar tapas no próprio rosto durante o seu 10º julgamento realizado nesta sexta-feira (23), na 2ª Vara do Tribunal do Júri, em Campo Grande.

Até então, todas as participações do réu eram por videoconferência de dentro Instituto Penal onde está preso desde 2017. Nando não ia aos julgamentos porque fazia tratamento de tuberculose. Segundo o promotor, essa não é a primeira vez que Nando se estapeia. “Foi um teatro patético, igual aos dos outros julgamentos por videoconferência. Os jurados olhavam para o vídeo e viam o réu esmurrando a própria cabeça”, contou. Até agora, Nando já foi condenado a 104 anos e 10 meses de prisão.

Enquanto Douglas falava, um dos fotógrafos que cobria o julgamento fazia imagens de Nando. Nervoso com a situação, o réu se exaltou, mostrou o dedo do meio para o profissional e disse esfregando o rosto: “Satanás você existe, satanás...”. O defensor público Rodrigo Antônio Stochiero, que faz a defesa do réu, pediu para Nando se acalmar, mas não teve jeito. Ele continuou inquieto e teve que ser algemado e deixar o plenário a pedido do juiz.

Para o defensor Rodrigo, a situação foi inédita e nunca tinha presenciado situação semelhante em julgamento. "Ele exaltou um pouco", disse. Segundo ele, a situação não será usada pela defesa para comover os jurados. 

Ao ser fotografado, Nando mostra o dedo do meio ao fotografo (Foto: Henrique Kawaminami)
Ao ser fotografado, Nando mostra o dedo do meio ao fotografo (Foto: Henrique Kawaminami)

Em uma das salas, Nando passou a bater a própria cabeça contra a parede. O réu, então, foi acalmado pela equipe do Tribunal de Justiça e medicado. Socorristas do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foram acionados para examiná-lo. Por volta das 11h, o julgamento foi interrompido para pausa de almoço. O resultado do júri será divulgado no fim da tarde.

Nando é julgado pelo assassinato de Eduardo Dias Lima, 15 anos, que na época era conhecido por Eduardinho, no Bairro Danúbio Azul. O adolescente foi asfixiado com uma correia de máquina de lavar roupa por furtar a casa do réu. O crime aconteceu no dia 2 de dezembro, na Rua dos Astronautas, no Jardim Veraneio.

Após o assassinato, o corpo do garoto foi enterrado pelos acusados. Os restos mortais da vítima nunca foram localizados. Acusado de participação no crime, Michel Henrique Vilela Vieira, 24 anos, recorreu do julgamento e aguarda decisão da Justiça.

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