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Capital

"A gente nunca sabe com quem está lidando", diz especialista em trânsito

Confusão no trânsito mobilizou cerca de 30 policiais após delegado atirar contra carro na Av. Mato Grosso

Dayene Paz | 17/02/2022 12:54
Movimentação depois de tiros na Av. Mato Grosso. (Foto: Reprodução / Campo Grande News)
Movimentação depois de tiros na Av. Mato Grosso. (Foto: Reprodução / Campo Grande News)

Depois do episódio de briga no trânsito envolvendo o delegado da PCMS (Polícia Civil de Mato Grosso do Sul), Adriano Garcia, e uma motorista de 24 anos, que terminou com tiros, o Campo Grande News conversou com o engenheiro, especialista em trânsito, Albertoni Martins, que analisou as duas versões apresentadas. Para ele, nem o delegado, muito menos a motorista mediram o risco das ações.

A versão do delegado é que a motorista dirigia com manobras perigosas e tentou o atropelar, por isso efetuou disparos no pneu, a fim de pará-la. Já a motorista alegou que foi perseguida depois de mostrar o dedo do meio para Adriano e nega que tenha cometido qualquer imprudência no trânsito.

Albertoni explica as informações que teve acesso foram as publicadas na mídia e, diante das versões apresentadas, fez a análise. "Em uma análise de risco, é necessário saber primeiro que a gente nunca sabe com quem está lidando, nem o problema que a pessoa está passando".

O especialista explicou sobre dois fatores, a gravidade e a frequência. "Você analisa a gravidade, que é a possibilidade do que vai acontecer com você diante de uma atitude sua no trânsito, como alguma agressão, tiro ou acidente". Já a frequência diz respeito a quantidade de vezes que enfrenta o trânsito no dia a dia. "Horário de risco, local, tudo isso te coloca em uma exposição maior ou menor.

Segundo Albertoni, juntando a gravidade mais a frequência de exposição, a possibilidade de acontecer alguma agressão ou fatalidade é grande. "Nesse caso, envolveu uma autoridade da segurança pública, que se sentiu acuada, pois sempre está ressabiada por risco de ser baleada, em estado de atenção. Então, a gravidade é alta", explicou.

"Olhando para os dois lados, você vê uma pessoa altamente pressionada, porque a carreira dele exige. Do outro, você vê alguém que se expôs por algum motivo, talvez estresse provocou aquela ação e que pode gerar uma consequência grave", explica, reafirmando a necessidade de uma direção defensiva. "Mantivesse o vidro fechado e fosse embora", orienta.

O especialista ainda revela que episódios como esse têm se tornado constantes em Campo Grande. "Penso que estamos vivendo à flor da pele por influência do emocional e principalmente no trânsito, esse tipo de postura está sendo constante. As pessoas descem do carro, esperam uma reação sua, estão sem paciência", pondera.

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