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Capital

À Justiça, família relembra namoro “conturbado” de jovem assassinada a tiros

Três parentes de Bruna Moraes Aquino foram ouvidos hoje como testemunhas de acusação na 1ª audiência do caso

Por Ana Beatriz Rodrigues | 19/02/2024 16:24
Bruna Moraes Aquino em foto publicada nas redes sociais (Foto: Reprodução/Facebook)
Bruna Moraes Aquino em foto publicada nas redes sociais (Foto: Reprodução/Facebook)

Ciumento, controlador e abusivo... As características são citadas por familiares da jovem Bruna Moraes Aquino, de 22 anos, sobre Ewerton Fernandes da Silva, 35, acusado de matar a jovem com tiros em uma estrada vicinal, na região do Jardim Itamaracá, em Campo Grande.

Já se passaram quase 3 anos desde o crime, em 1º de setembro de 2021. Mas a primeira audiência sobre o casa começou às 14h desta segunda-feira, porque atéo final de 2022 o réu era tratado apenas como testemunha.

A primeira a ser ouvida foi Bruna Moraes de Souza, tia da vítima. Bem próximas, as duas compartilhavam até o nome, mas pouco acrescentou sobre o caso. A tia começou relembrando o seu último contato por telefone com a jovem, horas antes de ser assassinada.

“A Bruna nunca me contou do relacionamento. Só me contava o que acontecia com ela, do dia dela. Contou do atentado que sofreu no domingo, mas só sei o básico. E tudo sobre o que aconteceu no homicídio é pelo que ele conta”, disse.

A segunda pessoa a ser ouvida foi Rayane Gabriele Moraes dos Santos, irmã da vítima. Apesar de bem rápida, ela apresentou detalhes sobre o  relacionamento do casal. Segundo ela, o rapaz chegou a clonar o celular de Bruna.

“O que eles tinham não era namoro. Eles eram ficantes. Mas eram ficantes bem conturbados, era um relacionamento tóxico o que eles tinham. Ele sempre tentava controlar ela, escondeu o celular que tinha acabado de ganhar, clonou o aparelho dela para poder cuidar do que ela estava fazendo”, comentou.

A irmão também lembrou das reclamações de Bruna sobre Ewerton. “Ele era ciumento, possessivo e tudo o que você pensar. A minha irmã terminava com ele, mas ele corria atrás para voltar. Não a deixava viver a vida dela. Nunca aceitou o fim”, finalizou.

Durante todos os depoimentos, as testemunhas relembraram o atentando que Bruna sofreu dois dias antes de ser morta. A jovem estava em uma casa noturna e, após Ewerton arrumar confusão no local por ciúmes, o casal teve de sair. No caminho, o carro em que eles estavam e era dirigido por Bruna foi seguido por uma moto que fez um disparo e acertou a nuca da jovem, que teve de procurar o hospital sozinha.

A última a prestar depoimento foi Jade Andrielle Moraes de Souza, prima da vítima, que garantiu ter presenciado agressões durante tempo que morou com Bruna. “Nesses 20 dias que vivi lá, eu vi o Ewerton dar um tapa na cara da Bruna. Disse que iria denunciar e ele me ameaçou, falando que iria acabar com a minha vida e a vida do meu filho. Ele a ameaçou algumas vezes na minha frente, dizendo que iria acabar com a vida dela”, pontuou Jade.

Ewerton, que está preso desde o dia 8 de novembro do ano passado, não foi autorizado a entrar na sala porque as testemunhas não o quiseram por perto. A defesa fez pedido oral para o juiz liberar o acusado com tornozeleira, para responder ao processo em liberdade.  Responsável pelo caso, o juiz Carlos Alberto Garcete solicitou que o pedido fosse feito por escrito.

O caso - Desde outubro de 2022, o crime, que era tratado apenas como homicídio qualificado e que tinha duas vítimas, passou a ser investigado como feminicídio e a segunda vítima e sobrevivente teve a prisão preventiva pedida à Justiça.

O juiz Carlos Alberto Garcete determinou a captura de Ewerton após ser informado que a até então principal testemunha do atentado havia “fugido”.

Para a investigação, o autor pode ter agido motivado por ciúmes, posse, queima de arquivo ou vingança. Como não há confissão, a motivação não ficou clara. O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), que deu parecer favorável à prisão, afirma que se tratou, na verdade, de "um crime grave, ardiloso, armado por Ewerton".

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