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Capital

Abandono da Orla Ferroviária afasta clientela de quem ainda resiste

Área que seria atração turística está tomada por usuários de drogas e moradores de rua

Bruna Kaspary | 18/09/2017 09:10
Quiosque foi incendiado na madrugada da última quinta-feira (Foto: João Paulo Gonçalves)
Quiosque foi incendiado na madrugada da última quinta-feira (Foto: João Paulo Gonçalves)

Inaugurada em 2012, pelo então Prefeito Nelson Trad Filho, a região por onde passavam os trilhos do trem, e tinha como objetivo ser uma atração turística na cidade, está completamente abandonada pela segurança pública, afirmam os comerciantes que ainda insistem em permanecer no local. Para eles, a aglomeração de usuários de drogas e moradores de rua, que acabam ocupando os quiosques, são os principais problemas da região.

Zilda de Souza, 60, está há um ano com uma lanchonete na Orla, a única que funciona pela manhã, e nesse período afirma ter sido furtada três vezes. "Os antigos donos daqui ficaram uns três anos e desistiram, esses moleques entraram aqui e levaram tudo o que eles tinham". Já desanimada com o movimento na região, ela lembra que, mesmo quando há eventos na Morada dos Baís a segurança é precária. "A Guarda Municipal até vem e passeia por aqui, mas também não fazem nada".

"Isso já caso de calamidade pública. Esses meninos encostam aqui e tem que brigar com eles para saírem, porque eles vêm vender droga aqui", aponta a comerciante. Quando questionada sobre o movimento em seu quiosque, que é o mais próximo à Afonso Pena, Zilda completa: "O movimento não caiu, acabou! É desanimador, até penso em não abrir mais, mas é prejuízo para mim".

Quando se trata da onda de violência na região, não é difícil de encontrar exemplos. "Essa semana mesmo, a menina fechou a loja alí na esquina e veio correndo pra cá gritando para mim que tinham tentado roubar a bolsa dela", afirma Alcides Arrua, 41. "Eu e outro rapaz, que estava de moto, até tentamos ir atrás dele, mas não encontramos ninguém com as características que a moça tinha dito".

Arrua e o colega de trabalho Eduardo Araújo, 31, colecionam histórias de violência na região. "Tem amigos que já foram assaltados aqui", lembra Araújo. Uma preocupação grande dos comerciantes, segundo os colegas, são os moradores de rua, que dormem nas calçadas em frente ao estabelecimento. "A dona de uma das lojas daqui do lado do estacionamento chega de 5h30 e tem medo de colocar o carro dela para dentro, porque acha que algum desses caras podem surpreender ela e entrar junto. Mesmo com garagem o carro dela passa o dia todo na rua por medo", conclui Arrua.

Vagão foi completamente destruído pelas chamas. (Foto: João Paulo Gonçalves)
Vagão foi completamente destruído pelas chamas. (Foto: João Paulo Gonçalves)
Rosângela dormia dentro do vagão quando foi ateado fogo (Foto: João Paulo Gonçalves)
Rosângela dormia dentro do vagão quando foi ateado fogo (Foto: João Paulo Gonçalves)

Incêndio - Na madrugada da última quinta-feira (14) um dos quiosques foi destruídos pelas chamas depois que dois homens invadiram e atearam fogo, segundo Rosângela de Souza, 35, que dormia no local.

Ela afirma que os dois são conhecidos dela, mas que ao entrarem no vagão a amarraram, atearam fogo e foram embora. Ainda de acordo com Rosângela, ela conseguiu se soltar antes que o fogo se alastrasse. A Guarda Municipal chegou a fazer rondas pela região tentando encontrar os suspeitos, mas até a publicação da matéria, não se sabe se houve alguém identificado e preso.

A Orla - A Orla Ferroviária está na área onde passava a linha férrea em Campo Grande. Ao ser revitalizado foram instalados no local quiosques de madeira, simulando vagões de trem, onde funcionariam lanchonetes. A proposta inicial é que a região funcionasse como uma grande praça de alimentação, mas a fama de ser frequentada por usuários de entorpecentes fez com que o projeto não vingasse.

"Há um tempo atrás até tinha uma feirinha aqui, mas o pessoal começou a ficar com medo de quem circulava por aqui e desistiu", conclui Alcides Arrua.

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