Acusação exibe vídeos e sustenta que jornalista podia ver passageiros
Em plenário, foram exibidas reportagens do dia do crime e com a reconstituição.
Com a exibição de dois vídeos, a promotoria tenta convencer os jurados de que o jornalista Agnaldo Ferreira Gonçalves, de 61 anos, tinha condições de ver os ocupantes da caminhonete L-200, pois os vidros do veículo eram transparentes.
O jornalista está no banco de réus pelo assassinato de Rogério Pedra Neto, de dois anos. O menino foi morto em uma briga de trânsito ocorrida em 2010, no Centro de Campo Grande.
Em plenário, foram exibidas reportagens do dia do crime e com a reconstituição. O promotor Fernando Martins Zaupa enfatizou que o depoimento do réu foi marcado por contradições.
“Primeiro ele fala que [o vidro] estava fechado. Hoje, surpreendeu dizendo que estava meio aberto, meio fechado. Isso mostra a personalidade evasiva”, afirma. Ainda segundo o promotor, o relato de testemunhas indica que Agnaldo não sofreu perseguição no trânsito por parte de Aldemir Pedra Neto.
Outro ponto destacado aos jurados é que o revólver calibre 38 entregue pelo jornalista à polícia tinha apenas munição “normal”. Enquanto a bala que atingiu o pescoço, provocando a morte de Rogerinho era munição expansiva.
Agnaldo justificou que andava armado por sofrer ameaças. “O réu meteu bala no meio do trânsito de Campo Grande”, ressalta o promotor. Fernando Zaupa relatou que uma das testemunhas estava com duas filhas no carro, à frente do local dos disparos.
“Ela ouviu os tiros e mandou que as meninas deitassem”, diz. O jornalista responde por homicídio doloso e três tentativas de homicídio. “O Agnaldo vai poder passar o Natal com a família. E a Ariana, o avô? Que vida é essa?”, questionou o advogado Ricardo Trad, assistente da acusação.
A briga no trânsito que resultou na morte de Rogerinho foi no dia 18 de novembro de 2009. O jornalista estava em um Fox. O menino, a irmã Ana Maria, o avô João Afonso Pedra e o tio estavam em uma caminhonete L-200. A briga começou quando o condutor da L-200 demorou a sair após o sinal abrir.
Na versão de Agnaldo, Aldemir reagiu de forma violenta após ele ter buzinado. Ele acusa o outro condutor de agredi-lo com tapa, empurrões e xingamentos.
Já Aldemir, diz que o jornalista é que fez ameaças e o perseguiu no trânsito. O julgamento é realizado nesta terça-feira no Tribunal do Júri.
Avó de Rogerinho, Adriana Pedra pede justiça. "Queria que fosse um sonho e quando acordasse o Rogerinho estivsse aqui. Mas já que é realidade, ele tem que pagar pelo crime que cometeu", afirma.