Adolescente estuprada pelo pai pode voltar para casa da mãe em breve
Mãe passou por exame toxicológico para provar que não é usuária de drogas e pode cuidar da filha
Parte do drama da adolescente que teria sido estuprada pelo próprio pai dos nove aos 14 anos, pode estar perto de chegar ao fim. A menina, que agora está em um abrigo, pode voltar para a casa da mãe nos próximos dias.
De acordo com a advogada Micheli Saracho, depois de entrar com ação na Justiça para reaver a guarda da filha, a mãe da adolescente, comerciante de 37 anos, passou por um exame toxicológico nesta terça-feira (6), para provar que não já na usa drogas e tem condições de cuidar da filha.
O resultado do exame deve ficar pronto na próxima sexta-feira (9) e a defesa está confiante de que a Justiça irá devolver a guarda da adolescente à mãe. O pai da menina, de 38 anos, que não terá a identificação divulgada nesta reportagem, para que se preserve a vítima, continua preso.
Estupro e agressões - Após viver cinco anos sofrendo estupros e agressões dentro de casa, a adolescente de 14 anos denunciou o próprio pai à polícia. O homem foi preso no dia 28 de maio, depois que a menina apresentou um vídeo dos abusos praticados por ele, que, conforme as investigações, já mantinha com ela uma relação forçada de marido e mulher.
A garota procurou a polícia no dia 21, ao lado da mãe, de quem havia sido afastada pela Justiça, supostamente, por sofrer maus-tratos, omissão e negligência.
Na delegacia, a garota apresentou um vídeo em que o pai, no dia do aniversário dela, a estuprava dentro da casa onde os dois moravam, na região da Avenida Julio de Castilho. A mãe contou que a filha era abusada pelo ex-marido e pediu a prisão dele.
Com a prova nas mãos, a polícia acolheu a denúncia da garota e indiciou o pai por estupro de vulnerável. A menina também passou por exames de corpo de delito e foi encaminhada a um abrigo, já que não poderia conviver com a mãe, por conta de uma ordem da Justiça de 2015.
Histórico de violência - Com o suspeito preso e adolescente abrigada, em análise e investigação do caso, a delegada responsável descobriu que a garota já está envolvida como vítima em processos desde 2011.
No primeiro deles, o crime registrado é de ameaça, em 2011. O segundo registro, feito em 2015 foi de maus-tratos.
No terceiro registro, também em 2015, a adolescente denunciou o pai por estupro. Em uma quarta vez, a garota denunciou um tio pelo mesmo crime. E por último, já em 2016, a vítima fez um registro de violência doméstica.
A delegada não deu detalhes sobre o inquérito, mas informou que todos eles foram relatados à Justiça dentro dos prazos estabelecidos, inclusive, aquele em que o pai da garota é acusado de estupro.
“O que posso dizer é que em todos os casos que ela procurou a polícia, a denúncia foi investigada e relatada à Justiça. Agora, o que a Justiça fez a partir disto já não está dentro das nossas competências”, explicou a delegada.
O Campo Grande News procurou a titular da Vara de Infância, Juventude e Idoso de Campo Grande, que também é coordenadora da Infância e Juventude do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), Katy Braum, por mensagem, a juíza se limitou a dizer que:
“Infelizmente a Lei Orgânica da Magistratura me impede de falar sobre os processos que estão sob minha jurisdição”, e completou solicitando que a reportagem entrasse em contato com a assessoria de imprensa do TJ.
A assessoria respondeu que o caso segue sob os cuidados do juiz Marcelo Ivo, da 7ª Vara Criminal, e que ele não poderia comentar as circunstâncias do processo, pois está em segredo de Justiça.