Advogado é suspeito de coagir testemunha e tentar impedir delação
Além de Alexandre Franzoloso, suspeito de tentar evitar que as investigações chegassem a Jamil Name e o filho
Alvo de um dos mandados de prisão temporária da operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), deflagrada nesta sexta-feira (27) o advogado Alexandre Gonçalves Franzoloso é acusado de tentar impedir que as investigações avançassem. "Restou apurado que durante os trabalhos e em desvio absoluto de conduta ética e a pretexto de fazer a defesa técnica de Marcelo Rios, atuou, criminosamente, para impedir que as investigações chegassem aos líderes da organização criminosa, Jamil Name e Jamil Name Filho", detalha decisão do juiz Marcelo Ivo.
O advogado teria também orientado Eliane Benitez Batalha dos Santos, testemunha chave de toda a investigação, que não informasse à promotoria do Gaeco sobre o envolvimento de Marcelo Rios, seu marido, com o grupo de extermínio chefiado pelos empresários.
O mesmo teria sido instruído ao próprio Marcelo Rios após a sua prisão em flagrante em 19 de maio com grande quantidade de armas e munições, incluindo fuzis. Para comprar o silêncio da testemunha, Franzoloso e os guardas municipais Robert Vitor Kopetski e Rafael Antunes Vieira, eram os únicos com contato "permitido" a Eliane. A ordem era atuar como mensageiros e informar que a partir do seu depoimento no Garras em 20 de maio - um dia após a prisão de seu marido-, “ela receberia dinheiro, usaria um telefone e moraria em uma casa” providenciada pela organização criminosa.
A mulher recebeu R$ 1.750, divididos em R$ 1.250 e R$ 500, para ajuda nas despesas, foi orientada a trocar de casa, telefone e alertada de que estava com a “cabeça a prêmio”. Os valores seriam adiantamento enviado pelos patrões.
Eliane também só estaria autorizada a manter contato com o segurança Flávio Narciso Morais da Silva e Franzoloso. O advogado ainda teria tentado impedir delação premiada de Marcelo Rios, assediando defensora pública que o visitou na prisão. Franzoloso era advogado de Marcelo Rios e também recebia ordens e orientações dos líderes da organização criminosa.
Procurado
A casa do advogado na Vila do Polonês, em Campo Grande, foi um dos 21 locais alvos de busca e apreensão, cumpridos esta manhã. Por telefone, Franzoloso informou que está no Rio de Janeiro e que até então não tinha “como comentar o assunto por desconhecer o teor da decisão”. Procurado, novamente durante esta tarde ele também não quis comentar o assunto.
Presidente em Mato Grosso do Sul da Abracrim (Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas), Frazoloso é filho do advogado Sérgio Franzoloso, vítima de execução em seu escritório, no Jardim dos Estados, no ano de 2002. O crime foi atribuído a um presidiário, condenado a 18 anos de prisão.
Advogado 2
Segundo o Gaeco, durante as investigações, uma das conversas interceptadas mostra um dos integrantes do grupo falando com advogado da família, Renê Siufi, responsável pela defesa hoje dos dois homens apontados como chefes da milícia.
Na conversa, Renê teria dito para Jamil Name Filho "rapar o pé", para que se fugisse da cidade depois da prisão de Marcelo Rios. "O que realmente acabou ocorrendo, eis que ele próprio revelou que permaneceu de 30 a 40 dias na casa de seu padrinho Fahd Jamil, em Ponta Porã", detalhe o Gaeco.
Operação
A operação Ormetà apura crimes de organização criminosa atuante na prática dos crimes de homicídio, milícia armada, corrupção ativa e passiva. Ao todo, são 23 ordens de prisões: sendo 13 mandados de prisão preventiva e 10 mandados de prisão temporária em Campo Grande. A lista de presos inclui um policial federal e quatro policiais civis. Jamil Name e Jamil Name Filho foram presos no residencial Bela Vista, na Rodolfo José Pinho, Jardim São Bento.