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Capital

Agiota fazia empréstimos para “lavar” dinheiro do tráfico, conclui polícia

Renan Nucci | 16/12/2014 11:26
Fernando (à direita), a mãe (centro) e a esposa dele foram autuados em flagrante por tráfico de drogas e descaminho. (Foto: Renan Nucci)
Fernando (à direita), a mãe (centro) e a esposa dele foram autuados em flagrante por tráfico de drogas e descaminho. (Foto: Renan Nucci)
Materiais apreendidos no bar de Judite, mãe de Fernando, e na casa do agiota traficante. (Foto: Renan Nucci)
Materiais apreendidos no bar de Judite, mãe de Fernando, e na casa do agiota traficante. (Foto: Renan Nucci)
Entre os materiais apreendidos estão 150 mil pacotes de cigarro contrabandeado do Paraguai. (Foto: Renan Nucci)
Entre os materiais apreendidos estão 150 mil pacotes de cigarro contrabandeado do Paraguai. (Foto: Renan Nucci)

A Polícia Civil, por meio da Denar (Delegacia Especializada de Repreensão ao Narcotráfico), prendeu ontem (15) três pessoas na Vila Nasser, em Campo Grande. Fernando Neves da Silva, 34 anos, atuava como agiota e fazia empréstimos como uma forma de esconder a verdadeira fonte de renda, no caso o tráfico, atividade que desempenhava com ajuda da mãe e da esposa.

Com o trio foram apreendidos porções de cocaína, televisores, celulares, notebooks, munições, 150 mil caixas de cigarro contrabandeado, R$ 19 mil em espécie, máquinas de caça-níquel, quatro armas de fogo, sendo uma pistola calibre 9mm e uma carabina .44 de uso restrito, além de duas espingardas, um Toyota Corolla, mais de 20 chaves e documentos de outros veículos.

Segundo o delegado João Paulo Sartori, Fernando mantinha um ponto de distribuição de drogas no bar da mãe, Judite Neves da Silva, 60 anos, na Rua João Guimarães Rosa, na Vila Nasser. Ontem, ele foi flagrado no momento em que iria fazer uma entrega na Vila Manoel Taveira. Ele estava com alguns papelotes de cocaína e caixas de cigarro contrabandeado.

Ele foi levado até o bar da mãe, onde havia mais droga. De lá, foi encaminhado até à casa onde vive com a esposa Jociara da Silva Lescano, 33 anos, em frente a um residencial de luxo na Rua Três Marias, na Vila Marli. No local estava a maioria do material apreendido. As máquinas caça-níquel não funcionavam. Elas foram usadas há alguns anos por Judite, que chegou a ser presa por envolvimento com jogos de azar.

De acordo com o delegado, Fernando era o líder do trio e se apresentava como agiota, tentando acobertar um delito, com outro de menor potencial ofensivo. “Ele conseguiu acumular alguns bens por meio do tráfico, e depois, com o intuito de tentar despistar a polícia, passou a fornecer empréstimos. O objetivo era esconder sua atividade verdadeira”, explicou Sartori. O autor já tinha passagens por tráfico, assim como a esposa. Os objetos apreendidos podem ter sido usados como moeda de troca por usuários.

Versão do Criminoso – Por sua vez, Fernando inocenta mãe e esposa, e diz que jamais traficou. A droga encontrada seria para consumo próprio. Ele conta que é agiota há cerca de seis anos, e começou a fazer empréstimos depois de um acidente, quando recebeu R$ 24 mil de seguro DPVAT (Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres). “Um amigo meu disse que dava para ganhar um bom dinheiro assim, e então entrei na agiotagem”, disse.

Ele conta que começou fazendo empréstimos de até R$ 4 mil, somente para "pessoas trabalhadoras, pois assim tinha certeza de elas pagariam as prestações em dia". O maior valor cedido foi de R$ 30 mil, há três anos, e pago até hoje em parcelas mensais de R$ 3 mil. Durante este período, conseguiu acumular riquezas e atualmente tem uma renda mensal de R$ 25 mil. Os objetos apreendidos com ele, inclusive as armas de fogo, estariam sob penhora, principalmente os documentos dos veículos.

“É tudo meu. Eu pego como garantia para que as pessoas me paguem. Se não me pagar, eu fico com o que é delas, e não saio no prejuízo. Cobro até 20% de juros, dependendo da situação de quem quiser fazer o empréstimo”, se defendeu, reforçando que vende cigarro e que consome drogas. “Uso a droga quando estou estressado, e minha família não sabia disso, elas (mãe e esposa) não têm nada a ver. Gosto de dar uns 'tiros' de vez em quando”, completou.

Sartori aponta que Fernando já havia sido preso por tráfico anteriormente pela Denar, e que, ele e as comparsas também serão investigados por agiotagem e tráfico de armas de fogo. O inquérito será encaminhado às delegacias específicas que vão apurar delitos correlatos. Cada grama de cocaína era revendida pelo autor por R$ 50.

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