Além de protocolo de biossegurança, retorno presencial tem "acolhida" de alunos
Com medo e também ansiedade, alunos passam por conversa na quadra de escola antes de entrarem nas salas
De longe já era possível de ver que a entrada dos alunos na Escola Estadual Joaquim Murtinho, na Capital, conta com todo o protocolo. A "fila" que chegou a se formar, com distanciamento entre os estudantes, era para aferir temperatura, passar álcool em gel nas mãos e pisar no tapete sanitizante.
Duas funcionárias estavam com termômetros em mãos e orientando os alunos sobre como proceder diante do "novo normal".
Entre os alunos, a ansiedade e o medo se mostravam presentes, mas antes de entrar nas salas de aula, eles passariam pela "acolhida". Na quadra da escola, os estudantes se juntavam em grupos de amigos, outros ainda mantinham o distanciamento.
O Joaquim Murtinho é uma das 75 escolas que reabriram para receber os estudantes nesta segunda-feira (2) depois de um ano e quatro meses sem aulas presenciais.
Estudante do 2º ano do Ensino Médio, Aryon Prates da Silva, de 20 anos, diz estar feliz de voltar, porque pôde reencontrar os amigos, mas ainda tem medo pela pandemia.
"Fiquei com receio de voltar, por mais que eu estivesse com saudade. Tive medo por conta do vírus, mas estou seguindo todos os protocolos. Estava sentindo falta das aulas presenciais porque estudar de casa é ruim", comenta.
Estudante do 1° ano do Ensino Médio, Heros Rodrigues, de 16 anos, relata que não teve dificuldade no ensino remoto, mas para ele, a volta ao presencial é melhor. Sem receio da covid, ele conta que está feliz e espera fazer amizades.
"Ainda não tive tempo de fazer amizade, hoje é como se tivesse começado o ano letivo, é meu primeiro dia de aula", fala. A prioridade de fazer amigos é porque este é o primeiro ano de Heros no Joaquim Murtinho.
Aluna do 3° ano do Ensino Médio, Isabelly dos Santos Vasques, de 16 anos, fala que está ansiosa ao mesmo tempo em que queria voltar à escola.
"Tive um pouco de ansiedade. Eu não queria que voltasse não, estava gostando das aulas remotas. Não queria por causa da covid mesmo, eu já peguei e tenho medo de pegar de novo, porque tenho uma irmã de 10 anos em casa que é asmática", conta.
Estudante do 3º ano do Ensino Médio, Gabriela Fernandes Gomes, de 17 anos, esperava poder escolher ficar em casa. Sem saber que teria de voltar agora, ela não havia se preparado para a escola.
"Senti falta das aulas, porque não é a mesma coisa. Não aprendemos do mesmo jeito, mas acho que do jeito que está tudo, o melhor agora era ficar remoto até porque não é todo mundo que está vacinado", acredita.
O medo dela não é só pegar a covid, é transmitir para os familiares de risco com quem convive. "Eles tinham que ter pensando antes de voltar, ainda mais em uma escola estadual onde o número de alunos é grande", diz.
Em Campo Grande, são 48 mil alunos da rede estadual, que se dividem entre 75 escolas. A ocupação das salas segue as recomendações do Prosseguir (Programa de Saúde e Segurança na Economia).
Como a Capital está em bandeira vermelha, a cota de alunos presenciais na rede estadual é de 50% da capacidade da sala.